No seguimento do módulo anterior, e agora que os passeios no seu Clássico podem ser mais regulares, apresentamos algumas recomendações e resoluções sobre as avarias mecânicas mais frequentes, causadas por longos períodos de imobilização, em que a corrosão nos órgãos mecânicos se torna um fator que exige especial atenção.
Sistema de alimentação de combustível
É frequente que os automóveis mais antigos e com menos uso acumulem partículas de material ferroso desagregadas do depósito de combustível devido à oxidação e corrosão do mesmo.
Esta partículas ficam depositadas no fundo do depósito sendo posteriormente agitadas com o movimento e sucção do carburante, inerentes ao normal uso do veículo.
Estes detritos acabam por ser entrar no fluxo de alimentação de combustível ao motor e podem causar impedimento ao seu normal funcionamento, quer seja logo à saída do depósito, na tubagem, no filtro, nos carburadores ou no sistema de injeção.
Os sintomas podem ser diversos, permanentes ou intermitentes e vão desde a dificuldade ou incapacidade do arranque do motor, à falta de potência quando solicitada e até mesmo à sua paragem após alguns quilómetros percorridos.
Caso experiencie alguns destes sintomas aconselhamos que verifique todo o circuito de alimentação de combustível.
Depósito de combustível
Os depósitos podem estar equipados com três dispositivos de verificação e/ou purga, são eles: bujão de purga, tampa ou janela de vigia e tampa do dispositivo de medição do nível, vulgarmente conhecido por "boia".
Poderá retirar o bujão para extrair e analisar uma pequena quantidade de combustível quanto à presença de detritos, bem como para esvaziar a totalidade do seu conteúdo se assim se justificar.
Poderá ainda remover a tampa de vigia ou a tampa da "boia" para efetuar uma inspeção visual, esvaziamento ou limpeza; sendo que no último caso é aconselhável remover o depósito do veículo.
Filtro de combustível
Nos casos dos filtros em que o seu corpo é construído em material transparente ou translucido é mais fácil efetuar uma inspeção visual para a presença de detritos no seu interior; nos casos em que esta simples operação não é possível, deverá ser substituído o filtro de combustível por forma a eliminar essa "incógnita" da "equação". Em todo o caso, aconselhamos que a substituição dos filtros seja incluída na manutenção periódica da viatura.
Em situações em que o filtro não foi substituído por um novo, a verificação visual de fluxo de combustível à saída do filtro, pode não ser conclusiva no caso de fluxos insuficientes, irregulares e/ou intermitentes.
Tubos de combustível
Após as verificações anteriores e com a certeza da ausência de detritos no depósito e no filtro, a presença de fluxo de combustível antes da entrada nos carburadores ou corpo da injeção, já é um indicador que pode ser considerado como válido; seria necessária uma grande quantidade ou dimensão de detritos presentes nos tubos para estes afetarem o fluxo necessário ao bom funcionamento da alimentação.
Carburadores / Corpo de Injeção
Neste último estágio do sistema de alimentação do combustível, podemos ainda proceder a uma verificação. Alguns sistemas possuem um último filtro, de dimensões muito reduzidas e normalmente lavável, inserido na entrada de combustível no corpo do dispositivo de alimentação, quer seja ele o carburador ou o corpo de injeção, bastando retirar o bocal do tubo de alimentação principal para ter acesso ao mesmo.
Sistema de arrefecimento do motor
É bastante frequente, nos automóveis mais antigos, verificar-se a presença de partículas de material ferroso no circuito de arrefecimento do motor.
Estes detritos formam-se devido à corrosão dos principais componentes que compõem este sistema, tais como, os canais internos do bloco e cabeça do motor, tubos metálicos, turbina da bomba de água, termostato, etc.
O uso de água corrente no circuito de refrigeração contribui em larga escala para este efeito, pelo que é totalmente desaconselhada a sua utilização, salvo em casos de emergência na estrada.
Estas partículas acabam por se desagregar devido à variação da temperatura e à passagem do líquido de arrefecimento, acabando por se depositar nos ductos mais estreitos do sistema, como os canais do radiador e/ou os tubos de equalização do nível, podendo causar a diminuição do fluxo do fluído, ou até a sua obstrução.
Nos casos de diminuição do fluxo do fluido de refrigeração, o sintoma é o aumento da temperatura normal de funcionamento do motor, no entanto a obstrução conduz normalmente ao sobreaquecimento do mesmo.
Aconselhamos sempre a utilização de um líquido de arrefecimento de boa qualidade, normalmente conhecido por anticongelante, por forma a prevenir a formação de corrosão no sistema, bem como garantir a correta lubrificação da bomba de água.
Estas propriedades características dos fluidos anticongelantes para circuitos de arrefecimento automóvel, são conseguidas através da adição de uma mistura de aditivos anticorrosivos, lubrificantes e claro anticongelantes, a uma base de água desmineralizada.
É também nossa recomendação que este sistema seja considerado nas manutenções periódicas, através da substituição do fluido refrigerante de dois em dois anos.
Caso experiencie algum dos sintomas anteriormente referidos ou se o veículo for alvo de uma intervenção em que seja necessária a desmontagem do radiador, aconselhamos a efetuar uma limpeza do mesmo, numa casa da especialidade.
Esta operação deve ser efetuada previamente à usual aconselhada montagem de um ventilador elétrico, o que em algumas situações só irá "mascarar" o sintoma de aquecimento excessivo.
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