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Raid Figueira da Foz-Lisboa brilhou no Campo Grande

| Revista ACP

Três centenas de viaturas, a maior parte construída até aos anos 30, recriaram a 1ª prova automobilística da Península Ibérica.   

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O sol foi uma das muitas estrelas a brilhar este domingo no Campo Grande, local marcado para a chegada do Raid Figueira da Foz-Lisboa, uma prova realizada em 1902 que, entre outras coisas, viria a originar o Automóvel Club de Portugal, a 15 de janeiro de 1903.

Além do astro-rei, havia um verdadeiro desfile de modelos que brilharam perante a cerca de centena e meia de curiosos reunidos junto ao Palácio Pimenta, do século XVIII, onde está instalado o Museu de Lisboa: desde um Peugeot Bebé, o mais antigo, de 1914, passando por vários Ford A, de 1928, mas também Hotchkiss AM2 Coupé (1931), Rolls Royce Phantom II (1930), vários Buick, um Mercedes Benz 170 S (1937), ou um bem estimado Riley Sprite (1938). Foi no Campo Grande que há 122 anos terminou a primeira prova automobilística da Península Ibérica.

Para trás ficaram dois dias de “prova”, que dada a natureza “frágil” de muitas destas verdadeiras peças de museu, foi convertido num passeio comemorativo. O percurso incluiu uma passagem pela Estrada Atlântica até à Nazaré. Depois da passagem por São Martinho do Porto, o regresso à Estrada Atlântica rumo à Foz do Arelho. Com paragem nas Caldas da Rainha, a dormida ficou marcada para o Hotel Evolutée, no Royal Óbidos Resort. No segundo dia de “prova” a passagem por Atouguia da Baleia, descendo depois pela N247, por Areia Branca, Lourinhã e Santa Cruz até Torres Vedras, Seguiu-se a passagem pela N8 até Gradil, o almoço na Quinta do Casal Novo (Enxara do Bispo), e finalmente a passagem pela N374 por Póvoa da Galega e Cabeço de Montachique em direção a Loures e Campo Grande.

Esta edição correu lindamente, com um bocado de mau tempo no início, mas hoje esteve um dia excecional”, relatou o presidente do ACP, Carlos Barbosa. “Estiveram presentes cerca de 30 carros, muito bem conservados, e andaram num ritmo muito interessante. Foi uma grande confraternização e isso deixou-nos muito satisfeitos pelo que vamos, obviamente, voltar a reeditar para o ano este Figueira da Foz – Lisboa e, quem sabe, até organizar um outro passeio dedicado a este tipo de carros”, prometeu Carlos Barbosa.

Para Carlos Seruya, proprietário do veículo mais antigo presente nesta edição, o Raid já não traz grandes segredos: “é a sexta vez que participo nesta prova com o meu Peugeot Bebé. Consegui completar cinco dessas edições, isto numa altura em que fazer este Raid implicava sair às 8h da Figueira e chegar ao Campo Grande às 18h. Era uma estafa, mas eu também era mais novo”, recorda Seruya, entre risos. “Este Peugeot é de 1914, é uma licença Bugatti, o que torna este carro muito interessante pois foi feito pelo Senhor Bugatti, mas depois vendeu a licença à Peugeot e com isso, dizem algumas versões, conseguiu dinheiro para construir a famosa fábrica de Molsheim, na Alsácia, que ainda existe”.

O Raid Figueira da Foz-Lisboa, realizado a 27 de abril de 1902, foi a primeira prova automobilística da Península Ibérica e um marco na história do automobilismo em Portugal. Organizado por um grupo de entusiastas formado por Carlos Calixto, Anselmo de Sousa, Eduardo Noronha e Henrique Anacoreta, a prova pretendia “desenvolver o automobilismo em Portugal, dada a importância que este género de desporto tem adquirido ultimamente em todas as nações cultas”.

O evento teve ampla cobertura da imprensa e atraiu grande atenção do público, contribuindo para a popularização do automobilismo em Portugal, enquanto destacava o País no cenário europeu do desporto motorizado.

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