Comprar um carro elétrico ainda sai caro. Apesar de dispensar a manutenção de peças próprias dos automóveis a combustão, as baterias são as que maiores dúvidas levantam na hora da compra. A sua autonomia surge à cabeça da lista de prioridades dos consumidores, mas há que ter em conta a modalidade incluída no contrato de venda sem esquecer a sua manutenção, fundamental para uma vida longa.
Para a responsável pelo ACP Autos, Elsa Serra, quando se pretende adquirir um carro elétrico “a sua preocupação deve ser com a duração das baterias, em saber qual a autonomia atingida e se aqueles modelos são os mais adequados à sua utilização no dia-a-dia”. E lembrou quem no momento de adquirir o carro elétrico, há duas opções: “ou optam por integrar a bateria no valor final do carro ou fazem um contrato de aluguer com a marca”. Esta opção depende, contudo, do fabricante e também de uma análise que se faz ao uso previsto daquele automóvel, isto é, do número de quilómetros que poderão ser percorridos, já que a renda a pagar pelas baterias pode variar com mais ou menos uso.
Há alguns cuidados que não devem ser descurados para preservar as baterias. As recomendações da Nissan, uma das marcas que mais elétricos vende em Portugal, a par da Renault, passa por estar atento às temperaturas elevadas, pois as baterias “sofrem muito com o calor, assim como com as descargas e cargas rápidas, tal como acontece com os telemóveis”, exemplificou António Pereira Joaquim, da Nissan Iberia. “Deve-se, portanto, evitar os tais carregamentos rápidos constantes e,quando dizemos constantes, significa evitar fazer mais de duas a três cargas rápidas por dia”.
Para evitar surpresas desagradáveis, o ideal é carregar até 80% da bateria, nunca baixar dos 20% e, caso o carro fique parado, ter, pelo menos 60% de carga. O desgaste é, ainda assim, inevitável já que a bateria do automóvel funciona como a de um telemóvel. “Para as empresas o sistema de aquisição de carro elétrico com a bateria incluída traz mais benefícios do ponto de vista fiscal”, revelou Ricardo Oliveira, da Renault Portugal. Só que quando se trata de um particular a fazer a mesma compra, este elemento da marca francesa não tem dúvidas em “achar que o aluguer da bateria é o modelo mais vantajoso”. É que, de acordo com os fabricantes, uma bateria nova pode custar o preço de um automóvel novo, ainda que a tendência seja para o preço baixar.
A polémica rebentou no início de outubro de 2019, quando se conheceu o caso de um condutor da UBER que precisou de comprar uma nova bateria para o Nissan Leaf que usa profissionalmente. Em dois anos, e 170 mil quilómetros, a bateria perdeu 70 % da capacidade de carga da bateria. O preço então pedido por uma bateria nova foi de mais de 30 mil euros (mais despesas de montagem), ou seja, quase o preço de um Leaf novo. Além do preço, acrescia o facto de que o primeiro orçamento pela compra da bateria de 30 kWh dado ao proprietário deste Leaf era de cerca de 9 mil euros. Segundo o dono do Leaf, a oficina terá alegado que aquela bateria já não era fabricada, razão pela qual o preço havia disparado mais de 300%. O argumento principal é o de que as baterias tendem a baixar de preço e nunca subir, pois à medida que vão aumentando a capacidade de carga (ocupando o mesmo espaço físico), o preço mantém-se estável. Uma bateria de 52 kWh (mais recentes) não difere muito no valor face a uma bateria de 30 kWh comprada na altura.
No final de outubro, a Nissan Portugal reagiu em comunicado, fixando o preço de uma bateria nova de 30 kWh em cerca de 8.610 euros, mais despesas de montagem. No comunicado, a marca garante que "a vasta maioria - 99,5% - dos veículos elétricos Nissan mantém a sua bateria original" e que as "substituições de baterias que ocorreram até ao momento foram maioritariamente relacionadas com reparações na sequência decolisões". A "Nissan em Portugal apenas tem conhecimento de um cliente que pretende efetuar a substituição integral da bateria fora da garantia em 2019".