Euro NCAP pede mais ajudas à condução nas carrinhas

| Revista ACP

A entidade responsável pelos testes de segurança aos veículos comercializados na Europa pede mais sistemas de ajuda à condução nas carrinhas de entregas.

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Há mais de 20 anos que o Euro NCAP se dedica a testar e avaliar a segurança dos veículos comercializados na Europa e agora lançou uma campanha com o objetivo de levar os construtores a transporem mais tecnologia de segurança dos veículos de passageiros para os ligeiros de mercadorias, principalmente para as carrinhas de entregas.

As carrinhas de carga, ou comerciais ligeiros, são desenhadas para transportar bens, ou equipamento especializado, não indo além das 3,5 toneladas de peso total. São usadas para fins profissionais, já que oferecem grande flexibilidade de carga, mas não são alvo das mesmas exigências de registo impostas aos pesados de mercadorias. A isto junta-se ainda a significativa quilometragem que fazem e o seu período útil de vida, ambos bem maiores que o dos veículos de passageiros, assim como o facto do mesmo design e plataforma ser partilhado por vários fabricantes.

Com mais carrinhas em ambiente citadino, o risco de acidentes com este tipo de veículo aumenta. A isto junta-se a agravante da forma como são conduzidas, com os condutores por toda a Europa a terem a fama de não se preocuparem muito com a segurança, desrespeitando os limites de velocidade, conduzindo sem atenção e não usando cinto de segurança.

É certo que as carrinhas não têm um nível de acidentes superior aos demais veículos motorizados, mas os acidentes com carrinhas tendem a ser mais graves para os ocupantes dos outros veículos. As carrinhas comerciais são mais altas e pesadas e, por norma, a localização das estruturas rígidas está mais elevada que as dos ligeiros de passageiros. É normal transportarem menos ocupantes, mas circulam com mais carga.

Num acidente, o desalinho geométrico, as estruturas rígidas e a maior massa tendem a penalizar os passageiros dos veículos mais pequenos, resultado numa maior probabilidade de lesões graves, ou morte, nos ocupantes dos ligeiros de passageiros. De acordo com a Comissão Europeia, as carrinhas de carga são responsáveis por cerca de 4% das fatalidades, ou lesões graves, dos ocupantes. Uma grande percentagem destes devido à perda de controlo em acidentes frontais ou colisões traseiras.

Um dos fatores que contribui para estes números é a proteção que a carrinha oferece a si própria e a compatibilidade entre as carrinhas comerciais e os ligeiros de passageiros, também conhecida como segurança de parceiro, ao que se junta ainda a inadequada aplicação e prestação limitada dos Sistemas Avançados de Assistência à Condução (ADAS, do inglês), uma tecnologia que pode evitar os acidentes.

Ora são precisamente este tipo de sistemas que podem ser melhorados mais rapidamente e implementados com maior celeridade, já que a evolução do desenho das carrinhas, em comparação com os ligeiros de passageiros, é lento. Melhorar a compatibilidade entre os dois tipos de veículos é uma prioridade para o Euro NCAP, mas demora vários anos, enquanto a implementação de sistemas ADAS pode prevenir acidentes e requer apenas que os mesmos sejam instalados de série. Uma realidade que ainda é muito fraca na Europa, com a maioria dos veículos comercializados a não contar com estes sistemas, alguns deles a nem sequer estarem disponíveis como extras.

Foi precisamente para sensibilizar todos os intervenientes que o Euro NCAP testou os modelos mais vendidos na Europa e que representam 98% do mercado. Testes estes que foram levados a cabo com as carrinhas a transportarem apenas metade da capacidade que lhes é permitida que, ao fim ao cabo, é a carga típica de uma carrinha comercial no dia-a-dia. 

A conclusão foi clara: quando existentes nas carrinhas, estes sistemas funcionam razoavelmente bem. Apesar de presentes em poucos modelos, os sistemas de deteção de ciclistas e peões representa grande benefícios num ambiente de cidade. Já os sistemas de manutenção da faixa de rodagem e ângulo morto não se revelaram tão eficazes como nos ligeiros de passageiros, enquanto os sistemas de controlo de velocidade, quando existentes, são de acerto manual e não contam com a função de informação de limite de velocidade.

As melhores carrinhas testadas foram a Volkswagen Transporter, a Ford Transit e a Mercedes-Benz Vito, enquanto a FIAT Talento, Renault Trafic, Opel Mocano e Nissan NV400 não são recomendadas pelo Euro NCAP dado contarem com pouco equipamento, ou não terem sistemas de apoio à condução disponíveis. 

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