O que começou como um movimento entre um grupo de amigos evoluiu para uma campanha em grande escala para banir os automóveis do centro de Berlim, uma medida que vai ser apreciada pelo senado da cidade em março.
Uma petição assinada por mais de 50.000 pessoas de Berlim quer proibir o uso de carros particulares dentro de uma área no centro da capital alemã. A ideia partiu de uma iniciativa dos habitantes da cidade sob o nome Autofrei Berlin (Berlim sem carros, em alemão).
O objectivo é levar as autoridades a proibir a utilização de automóveis particulares numa zona delimitada pelo anel traçado pelo S-Bahn, comboio que serve a cidade. O resultado seria a maior área urbana sem carros do mundo, num total de 88 km2. Caso queira ter uma base de comparação, o concelho de Lisboa tem 100 km2, ou seja, um pouco mais do que a área a proibir em Berlim.
Segundo o porta-voz da iniciativa Berlin Autofrei, em entrevista ao The Berliner, muitos dos habitantes da cidade são contra a presença de carros, não só pela enorme tendência para poluir o ambiente, mas também pela sua tendência para ocupar demasiado espaço e pelo impacto negativo nas infraestruturas da cidade. A sinistralidade rodoviária é também um fator importante para os contestatários.
A referida campanha deu os primeiros passos do processo para um referendo popular, que consiste em apresentar uma petição com mais de 20.000 assinaturas, mas o total recolhido superou duas vezes e meia o patamar mínimo exigido pela lei alemã.
Na proposta estão contempladas as excepções a esta medida. Os berlinenses que necessitem de um veículo para fazer uma mudança de casa ou para seguir de férias para locais que não podem ser alcançados com transportes públicos, vão ser autorizados a alugar um carro até seis vezes por ano. Inicialmente previa-se 12 utilizações anuais com a obrigação de fornecer uma razão válida, mas o projecto propõe agora que a necessidade de justificação seja dispensada. Devido a esta alteração, a revisão da lei foi adiada de 5 de Janeiro para 7 de Março.
Quando o Senado considerar a lei constitucional, terá quatro meses para decidir se a mesma deve ser aprovada. A Berlim Autofrei prevê que a proposta vai ser reprovada, mas já anunciou o passo seguinte na estratégia: terá três meses para preparar um referendo e vão ter de recolher 175.000 assinaturas em quatro meses, onde se incluem as assinaturas de pelo menos 7% dos eleitos na Câmara dos Representantes em Berlim.