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O regresso do polícia sinaleiro

| Revista ACP

Numa altura em que conduzir é um acto cada vez mais tecnológico, Castelo Branco fez regressar estes agentes à rua.

policia sinaleiro_1920

A PSP de Castelo Branco retomou a figura do polícia sinaleiro nas ruas da cidade, 26 anos depois de este serviço de policiamento do trânsito, com longas tradições na história rodoviária portuguesa, ter sido extinto. E regressou precisamente com último agente que orientou o trânsito albicastrense nos anos 90. 

Para o Agente Castanheira, de 58 anos, têm sido dias de grande entusiasmo: "A ligação entre o polícia sinaleiro e aqueles que frequentam a estrada é muito forte, mas a primeira ligação, aquele contacto mais imediato e com maior retorno, é com o peão, a começar logo pela cortesia. Tenho ouvido reações do género 'há tanto tempo que não víamos o Castanheira por aqui'".

Para se perceber melhor o envolvimento deste agente da autoridade com a tarefa de regular o trânsito basta notar que, quando o Comando Distrital da PSP decidiu retomar o polícia sinaleiro, o Agente Castanheira já tinha todo o material pronto para usar, pois foram objetos dos quais nunca se desfez. 

Quando colocado perante a questão de poder ser contraditório ter um polícia sinaleiro numa época em que abunda a tecnologia, muita dela aplicável à regulação de trânsito, o Agente Castanheira não vai de modas: "sou um bocado radical nessa matéria pois pode haver muita tecnologia ao serviço do trânsito mas no Código da Estrada a hierarquia continua a colocar os agentes da autoridade no topo, valendo mais as suas indicações do que os sinais de trânsito ou semáforos. E quando tudo falha o ser humano tem de avançar e resolver o problema. Além disso, o sinaleiro tem um efeito pedagógico e dissuasor muito mais eficaz, sendo muito acarinhado pelas crianças". 

Mas este polícia sinaleiro nota diferenças entre esta nova experiência e os dias vividos na década de 90. "Noto que hoje em dia os condutores andam mais distraídos, nesse aspecto fui encontrar um público muito diferente". 

Para o Subintendente Luís Soares, do Comando Distrital de Castelo Branco, a questão da tecnologia não colide com esta iniciativa, pois o polícia sinaleiro é uma figura muito acarinhada e visa reacender algumas tradições que sempre caracterizaram a PSP, no sentido da proximidade e da intervenção junto da comunidade, sendo perfeitamente possível conciliar a tradição com a modernidade".

Natal do Sinaleiro

A importância destes agentes era enorme. O Corpo de Polícias Sinaleiros, criado em 1927, chegou a ter 270 efectivos e uma das maiores provas do carinho das populações materializou-se ao longo de décadas com uma iniciativa do Automóvel Club de Portugal na década de 30: o Natal do Sinaleiro, uma ação interrompida pela II Grande Guerra e depois retomada em 1949. 

Em locais mais centrais da cidade, como Praça dos Restauradores, cruzamento da Rua Garrett e Rua do Carmo, do Rossio e da Avenida da Liberdade, eram colocados grandes pinheiros enfeitados, junto às famosas peanhas (as coloridas bases de onde o polícia sinaleiro orientava o trânsito). 

Ali eram depositadas as ofertas dos cidadãos, de todo o tipo: garrafas de azeite, porcos, bacalhaus, garrafões de vinho e de aguardente, sacos de batatas, mas havia também vinho do Porto, bolachas, arroz, açúcar, carvão, tabaco e botas. 

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