Carros elétricos podem custar meio milhão de empregos

| Revista ACP

Tal como em muitas outras revoluções tecnológicas, também a mobilidade elétrica vai ter um primeiro impacto forte no desemprego. 

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A mudança de paradigma da mobilidade automóvel rumo aos veículos eléctricos vai implicar grandes mudanças na indústria automóvel e vai exigir o apoio da União Europeia, que só através de programas de "requalificação" vai poder ajudar os trabalhadores a prepararem-se para um futuro com emissões zero. Estas são principais conclusões de um relatório publicado esta semana. 

A Plataforma para a Electromobilidade (The Platform for Electromobility), um grupo formado por nomes fortes da indústria, divulgou um estudo levado a cabo pela Boston Consulting Group, onde se conclui que até 2030 o emprego na indústria automóvel europeia vai cair menos de 1% do atual universo de 5,7 milhões de pessoas envolvidas no fabrico automóvel, no decorrer deste processo de transição para veículos eléctricos.

Mas a má notícia prende-se com o chamado emprego indireto. Segundo o mesmo estudo, os empregos nos fabricantes e nos fornecedores tradicionais focados em motores a combustão vão cair 20% e 42%, respectivamente. No conjunto, esta previsão equivale a um acumulado de 500.000 empregos que desaparecem. Por outro lado, a análise feita pela Boston Consulting revela que o emprego em fornecedores centrados na tecnologia de emissões zero vai aumentar em 300.000 postos de trabalho, o que representa um aumento de 10%.

Com estes dados na mão, os fabricantes de automóveis alertaram que os postos de trabalho nas fábricas de motores a combustão convencionais estão particularmente em risco e apelaram à União Europeia para ajudar a mitigar o impacto que a transição para a mobilidade elétrica vai ter sobre o meercado de trabalho da indústria transformadora.

A Plataforma para a Electromobilidade afirma que a UE, governos e empresas deveriam concentrar-se em investir na educação, formação, 'upskilling' e "requalificação" dos trabalhadores para "garantir que ninguém fica para trás".

"A indústria automóvel é estratégica para a Europa em geral, e envolve um grande número de pessoas de vários países, por isso é importante que a UE trabalhe com os Estados-membros na política de acompanhamento", explicou à Reuters Arne Richters, da Plataforma para a Electromobilidade. "A requalificação e o tornar uma prioridade estratégica é um ponto crucial".

O grupo representa uma série de organizações e empresas, incluindo fabricantes de automóveis como a Tesla, Renault e Nissan, entre outras.

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