Vão acabar os cromados na indústria automóvel

| Revista ACP

Considerado 500 vezes mais tóxico que o diesel, o crómio é parte importante da estética automóvel, sobretudo no segmento Premium.

cromado

Más notícias para a indústria automóvel. Um dos acabamentos mais utilizados (e populares) no fabrico de automóveis tem os dias contados. A Europa propôs a proibição da cromagem. Uma proibição que, a entrar em vigor, obrigará os construtores de automóveis a procurar alternativas para substituir um acabamento que, em certos segmentos e marcas, é bastante comum.

A União Europeia propôs a proibição da utilização do cromo a partir de 2024. Uma medida que está em linha com o roteiro estabelecido noutras partes do mundo, como a Califórnia, nos Estados Unidos. No caso específico da UE, trata-se de uma decisão particularmente importante devido ao facto de ser um dos principais mercados automóveis.

A UE decidiu propor a proibição da cromagem devido aos problemas de saúde associados à criação do crómio hexavalente, que é um conhecido agente cancerígeno. Em particular, está na origem do cancro do pulmão, e as emissões atmosféricas emitidas durante o processo de cromagem são alegadamente 500 vezes mais tóxicas do que o gasóleo.

A indústria automóvel tem os dias contados para os frisos cromados

Prevê-se que esta medida tenha um impacto substancial no design dos automóveis, a menos que seja rapidamente identificado um material alternativo com as mesmas qualidades e efeitos visuais. Para além de dar um acabamento prateado (mas também pode ser usado em preto) às peças dos automóveis, o crómio tem sido amplamente utilizado em muitos artigos domésticos, como pias de cozinha, sistemas de iluminação e componentes que requerem uma proteção extra contra a ferrugem.

Na indústria automóvel, em particular, os acabamentos cromados têm sido tradicionalmente associados ao luxo. É por isso que as marcas de luxo podem ser particularmente afetadas se a proibição for para a frente.

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Hoje em dia, o cromado é algo que faz com que um veículo pareça mais brilhante e também ajuda o para-choques, as jantes, os acabamentos e outras peças de um automóvel a parecerem novas, o que dá ao automóvel um aspeto de topo de gama. 

Mas antigamente, a pintura automóvel nem sempre dava aos automóveis o mesmo aspeto bonito que vemos hoje. Isto deve-se ao facto de, nos primeiros anos, não existir a atual tecnologia para pintura automóvel. Um setor que foi crescendo ao longo dos mais de 100 anos da história do automóvel.

Antes de 1900 até ao início de 1900

Para poderem colorir os automóveis, as pessoas pintavam-nos à mão com pincéis e tinta comprados nas lojas locais. No entanto, a tinta dos seus carros desbotava e descascava facilmente, e tinham de os pintar de novo todos os anos.

Em 1900, os fabricantes de automóveis utilizavam os mesmos vernizes usados nas carruagens, mas a aplicação de tinta nos automóveis demorava cerca de 40 dias por cada veículo. Depois de a tinta secar, era lixada e polida.

No início dos anos 1900, o Dr. George Sargent efectuou um estudo que permitiu a descoberta da galvanoplastia de crómio, que  necessitava de uma relação de uma parte de ácido sulfúrico para 100 partes de crómio. Em 1920, Sargent apresentou o os resultados da sua pesquisa.

A década de 1920: A descoberta das pistolas de pintura e da cromagem

A Ford Motor Company começou a utilizar tintas feitas de vernizes de nitrocelulose nas linhas de montagem de automóveis na década de 1920. Em comparação com os vernizes mais antigos, estas tintas tinham um tempo de secagem visivelmente mais curto.

Em 1924, as pistolas de pintura foram introduzidas no mundo da pintura automóvel, fazendo a sua aparição nas linhas de montagem. Este foi um grande ano tanto para os avanços da pintura como para a cromagem porque, ao mesmo tempo, dois homens, Colin Fink e Charles Eldridge da Universidade de Columbia, descobriram o processo de eletrodeposição de crómio. A sua descoberta foi baseada no artigo publicado pelo Dr. Sargent nos anos anteriores.

 A década de 1930: Cromio em spray

Os fabricantes de automóveis começaram a utilizar tintas chamadas esmaltes de estufa na década de 1930. Estas tintas podiam secar muito mais rapidamente e proporcionavam um brilho mais intenso.

Também durante esta altura, os espelhos eram muito caros porque tinham de ser feitos individualmente por mestres artesãos. Mas o Dr. William Peacock desenvolveu um spray para pratear os espelhos. Isto permitiu que milhares de espelhos fossem fabricados todos os dias. Também ajudou a diminuir o preço dos espelhos e a torná-los amplamente disponíveis.

Anos 1950 a 1960: Acrílicos

A General Motors começou a pintar os seus carros com um novo acrílico em 1955. Este acrílico exigia que os carros fossem cozidos após a aplicação do acrílico. Este processo dava um acabamento consistente aos automóveis, mas não era tão brilhante como os esmaltes de estufa.

A Ford Motor Co. começou a utilizar esmaltes acrílicos de estufa em 1960. Este processo proporcionava um acabamento resistente com mais brilho.

A década de 1980: Uretano e poliuretano

Os fabricantes de automóveis começaram a utilizar tintas de uretano e poliuretano nos seus veículos no final da década de 1980. Após a aplicação das tintas de uretano e poliuretano, eram aplicados os vernizes. Estes forneciam aos veículos acabamentos duradouros e altamente brilhantes.

Eletrodeposição

Atualmente, existem muitos processos de pintura automóvel por onde escolher. Existe agora o processo designado por electrocromoção, em que os veículos são mergulhados num banho de primário e são utilizadas correntes eléctricas para fixar o revestimento ao metal.

Para além do aspeto espantoso e sofisticado que o cromado pode dar a um veículo, é também durável, o que permite que o carro tenha um aspeto novo durante muitos anos. Os automóveis cromados também são fáceis de limpar e de manter sem pó. No entanto, é raro ver um carro pintado de cromado na estrada porque é bastante caro. Atualmente, existe também o spray cromado que permite obter a mesma sensação e o mesmo aspeto que a cromagem, mas de uma forma mais económica.

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