Conduzir um motociclo (parte 3): posição e inclinação do corpo

Na terceira parte do conjunto de quatro artigos sobre os conceitos essenciais para a condução segura de um motociclo, abordamos dois fatores diretamente ligados ao motociclista, cuja influência é determinante no comportamento e na segurança da condução de uma moto: a posição e a inclinação do corpo.

Sugestões para a correta posição do corpo

A posição do corpo está sempre a mudar numa moto. Ao acelerar, em curva, nas travagens, nos desvios de pedras ou buracos na estrada, nas paragens, nas manobras a baixa velocidade ou no estacionamento, a posição do corpo deve adaptar-se constantemente ao momento.

Durante a condução, é fundamental que a coluna esteja alinhada com a cintura. Isto porque ao mover uma parte do corpo para um dos lados, vai ser colocado mais peso para um dos lados e afetar a estabilidade da moto.

Exemplo prático da posição do corpo em curva

• O corpo deve estar centrado com as ancas e deve acompanhar ligeiramente o inclinar da moto.
• A cabeça acompanha o olhar (para onde se pretende seguir) e o queixo comanda a direção.
• O braço do interior da curva deve empurrar o guiador.
• Os braços devem estar em posição levemente dobrada e confortáveis.
• Os cotovelos devem estar dobrados e junto ao corpo.
• A perna do lado interior da curva pode abrir ligeiramente na direção da curva, enquanto a perna oposta aperta o depósito de combustível e facilita a direção a imprimir à moto.

O conforto e a segurança também dependem da posição do corpo

• Mantenha os braços na posição mais confortável e perto do corpo. Nem demasiado longe do guiador, nem demasiado perto.
• Os joelhos devem “abraçar” o depósito de combustível.
• Os pés devem permanecer sempre nos apoios, junto aos travões e mudanças, preparados sempre que for necessário.
• Viajar de forma equilibrada e confortável na moto pode também tornar mais fácil efetuar qualquer aviso ou sinal de mãos na estrada para outros condutores em caso de emergência.

Inclinação: mais fácil do que pode parecer

Tal como já referido ao abordarmos o tema travar e curvar, a ação de curvar implica sempre uma outra: a de inclinar.

Para isso, é necessário que o motociclista interiorize um exercício que nem sempre é fácil, principalmente para quem está a aprender a conduzir uma moto. De facto, inclinar a moto e manter o equilíbrio parece estranho, mas é assim que funciona. Neste caso, é imprescindível que a posição do corpo ajude a física. Ou seja, o corpo não deve estar direito, mas deve posicionar-se para o interior do assento, na direção da curva, de modo a acompanhar o movimento da moto e a facilitar toda a manobra. O veículo e o condutor devem funcionar em equipa e trabalhar em harmonia.

Ao mesmo tempo, como explicámos no capítulo dedicado aos conceitos antecipar e olhar, o olhar deve procurar ver “através” da curva, para onde se pretende seguir e o guiador deve ser empurrado na mesma direção da curva. De repente. já não parece estranho: a moto inclina, o motociclista acompanha e tudo parece mais simples e fácil!

O grau de inclinação vai estar sempre dependente da velocidade. Mas estes dois fatores devem estar equilibrados. Demasiada velocidade e pouca inclinação, ou baixa velocidade e muita inclinação não resultam e podem dar origem a saídas de curva ou a quedas.

A experiência vem apenas com a prática, mas sempre com a prudência que assegura a segurança necessária na estrada. Ninguém aprende tudo num dia e, especialmente com motos, os mais experientes são os primeiros a avisar: “estamos sempre a aprender”. Boas curvas!