Os 87 quilómetros que faltavam para completar a autoestrada do Norte, entre Torres Novas e Condeixa, foram inaugurados a 13 de setembro de 1991. A partir desse dia já era possível viajar de carro da capital à invicta em apenas três horas. Um tempo recorde quando comparado com as nove ou mais horas que o mesmo trajeto demorava a fazer pela Estrada Nacional 1. E muitos ainda se lembram desses tempos em que se saía de Lisboa de manhã cedo para chegar ao Porto ainda a tempo de jantar.
Mas para conhecer melhor a história da mais importante autoestrada de Portugal é preciso recuar a 1961, quando no dia 28 de maio foi inaugurado o primeiro troço entre Lisboa e Vila Franca de Xira. Uma cerimónia que contou com a presença de António de Oliveira Salazar. O Presidente do Conselho apreciou não só a construção desses primeiros 25 quilómetros da autoestrada “mas também as interessantes paisagens que dela se desfrutam, pedindo, por vezes, que se abrandasse a marcha do automóvel nos pontos mais encantadores” escrevia o jornal O Século nesse dia histórico.
Tratou-se de um avanço significativo em termos de mobilidade numa época em que Portugal ainda não tinha grandes hábitos de condução muito menos em vias com um traçado moderno que nada tinham que ver com as antigas estradas. Percorrer estes vinte e poucos quilómetros novinhos em folha era uma coisa inédita e até estranha para os automobilistas portugueses que de início não aplicaram as novas regras de comportamento que a via exigia, circulavam a velocidade de passeio e não sabiam que a faixa da esquerda era para quem queria ir mais rápido.
A autoestrada do Norte tem uma extensão de pouco mais de 300 quilómetros e a sua conclusão foi assinalada com um marco de aço inoxidável colocado ao quilómetro 180 (junto à saída para Condeixa), com 27 metros de altura, de autoria do arquiteto Charters de Almeida. Estava assim fechada a janela que em 1961 se abria a novos horizontes, a linha que se tinha traçado entre Lisboa e Vila Franca de Xira estava finalmente completa, deixando para trás o inferno que era fazer a viagem entre as duas mais importantes cidades do País.
Em 1991, além da autoestrada do Norte, Portugal tinha mais 189 quilómetros de autoestradas: Lisboa-Setúbal (36 km); Lisboa-Cascais (17 km); Porto-Braga (84 km); Porto-Penafiel (34 km) e Lisboa-Malveira (18 km).