Em 1968, a Citroën revelou ao mundo aquele que viria a ser um dos seus mais famosos carros: o Méhari. Símbolo de liberdade e irreverência para uma geração, o pequeno 4x4 seduziu no país e fora dele por ser prático, económico e chegar a todo o lado com um novo estilo. Também foi amplamente utilizado ambientes tão diferentes como o exército (francês), o cinema ou entidades públicas, como polícias, alfândegas, aeroportos, hipódromos, entre outras.

Na apresentação do Méhari, a marca francesa juntou oito modelos temáticos pré-série: um amarelo com sacos de golfe; um azul com luz de emergência para serviços de segurança; um cinzento para o lazer decorado com flores e modelos com vestidos floridos e com uma guitarra; um verde para os trabalhos agrícolas; um turquesa com modelos em fato de banho; um bege para a caça; um vermelho para os bombeiros com luz de emergência e extintores e um branco com pequenas jaulas, cada uma com um coelho que no final da cerimónia foram oferecidos à imprensa especializada. Entre 1968 e 1987 foram produzidas 144.953 unidades, maioritariamente na fábrica Citroën de Forest, na Bélgica. Mas esta é ainda uma história feita em Portugal, já que 19.749 unidades foram construídas na Fábrica de Mangualde, entre 1969 e 1983.

Construído com base na plataforma do Dyane 6, contava com motores de 28 a 32 cv e uma carroçaria em plástico ABS (Acrilonitrilo Butadieno Estireno), concebida por Roland de La Poype. A sua designação deriva do nome “Méhari” dado aos dromedários no Norte de África e no Sahara, animais conhecidos pela capacidade de lidar com todo o tipo de terrenos e pela sua resistência. Visto de fora, este Citroën não parecia adequado para todas as estações, assemelhando-se mais a um descapotável para as férias de verão, mas a realidade revelou-se outra a partir do momento em que uma capota de inverno isolava o veículo tornando a sua utilização em qualquer altura do ano. E tinha a vantagem de transportar passageiros e mercadorias em longas distâncias. As caraterísticas modulares “esticavam” a sua capacidade interior ao transformarem parte do seu piso num banco corrido, acrescentando dois lugares traseiros para acomodar até quatro passageiros.

O tipo de de construção era outro dos seus atributos, com a carroçaria composta por apenas 11 peças, facilmente reparáveis, e que podia ser lavada com um jato de água, tanto no interior como no exterior. Facto que tornava a sua manutenção extremamente simples e económica. Apesar de ter sido produzido durante quase 20 anos, o Méhari apenas teve três versões diferentes, incluindo duas edições limitadas. Em 1983 foram lançadas duas edições especiais: a primeira foi o Méhari Plage, com o seu visual de férias e a sua vistosa cor amarela, comercializado em Espanha e em Portugal; em abril de 1983 surgiu o Méhari Azur, lançado nos mercados francês, italiano e português em apenas 700 unidades. Em 1979, a Citroën introduziu uma nova variante com a versão 4x4, a qual oferecia uma liberdade de utilização ainda hoje quase inigualável. E que serviu como veículo de assistência médica em estradas de todo o mundo. Em 1980 participou no Rali Paris-Dakar, edição em que dez Méhari 4x4 foram utilizados pelos serviços de assistência médica, ao longo do percurso.

Sempre inspirador, o Citroen Méhari motivou uma nova versão em 2016 totalmente elétrica: o E-Méhari. Um modelo portador de um design renovado mas que recuperou muito do espírito lúdico do seu antepassado através de linhas divertidas e paleta de cores em azul, laranja, amarelo e bege, sem esquecer as generosas janelas em material plástico. Seguiu-se outra versão em 2018 que teve como principais novidades o teto rígido, estrutura anticorrosiva sólida, reforço do isolamento acústico, novos bancos, atualização da consola central e dos painéis das portas e um adicional de 20% de binário, acrescentando-lhe maior potência.