Vila Viçosa
- Igreja e Convento das Chagas – séc. XVI (1514), o Convento foi construído para ser o Panteão das Duquesas de Bragança e, como tal foi chamado de Real Convento das Chagas de Cristo. Alguns anos após a construção, o Convento foi ocupado pelas clarissas do Mosteiro de Nª Srª da Conceição, de Beja. Ao longo dos anos, recolheram a este Convento, muitas jovens da nobreza, algumas das quais fruto de relações extraconjugais. Eventualmente por via destas circunstâncias, o convento recebeu muitas doações que o fizeram um dos mais ricos da altura.
A Igreja, bem como os claustros têm as paredes revestidas de azulejos polícromos do séc. XVII e o altar-mor é em talha dourada, com pinturas, tudo do séc. XVI. A Igreja é Monumento Nacional.
Hoje em dia, a área que constituía o Convento propriamente dito está transformado em Pousada, cujos quartos conservam toda a História e trazem à memória os tempos em que eram lugar de reclusão
- Convento e Igreja dos Agostinhos – fica frente ao Paço Ducal e a sua construção começou em 1267, reinava D. Afonso III. Era dedicado a Nª Srª da Graça. Foi o primeiro convento e ser construído em Vila Viçosa e foi entregue à Ordem dos Eremitas Calçados. A Igreja é em estilo barroco e passou a ser, a partir de 1677 o Panteão dos Duques de Bragança, tendo recebido o túmulo do primeiro Duque de Bragança, D. Afonso. Este túmulo está classificado como Monumento Nacional.
Em 1501, quando foi iniciada a construção do Paço Ducal, foi também reestruturado este Convento, por vontade do quarto Duque de Bragança, D. Jaime, tendo a sua fachada ficado virada para o Terreiro do Paço.
- Castelo – foi mandado edificar por D. Dinis, no séc. XIII, no centro de Vila Viçosa. Esta velha fortaleza medieval foi a residência dos Duques de Bragança desde 1461 até à construção do Paço Ducal. A sua traça foi conservada até ao início do séc. XVI, quando os Duques da altura o tornaram num resistente castelo artilheiro - na época das guerras da Restauração, ele foi muito útil porque beneficiava da posição estratégica que Vila Viçosa tinha, em relação a Castela.
Tem planta quadrada, com dois torreões, em ângulos opostos, foi dotado de mecanismos defensivos inovadores, para a época, como galerias anti-minas e canhoneiras fortificadas, para fogo cruzado. Estas características fazem dele uma das joias da nossa arquitetura militar.
No interior do Castelo, encontra-se o Solar da Padroeira de Portugal e, no cemitério próximo, estão os restos mortais da poetisa calipolense Florbela Espanca.
No interior da Alcáçova do castelo estão instalados os Museus da Caça e de Arqueologia.
- Museu da Caça – este museu, instalado na alcáçova do Castelo, tem uma bela coleção reunida pelo Eng Manuel Lopo de Carvalho, da Casa de Bragança, e várias peças provenientes dos fundos da Fundação. Dispõe de imensas peças venatórias, europeias e asiáticas e diversos troféus de caça africanos. Destas peças, pode distinguir-se o crânio de um elefante pigmeu. Para além de carabinas de caça e da Pateira, de um dos iates reais Amélia, há ainda uma coleção de armas gentílicas oferecidas ao rei D. Carlos e ao Príncipe Luis Filipe, quando este visitou Moçambique, em 1907
- Museu de Arqueologia – também instalado na alcáçova, comporta peças arqueológicas de várias épocas, nomeadamente, como não podia deixar de ser, da romana.
- Paço Ducal – é o monumento mais representativo de Vila Viçosa, cuja construção foi iniciada, como já dito, em 1501, por vontade de um Duque de Bragança. No entanto, as obras foram-se arrastando até ao séc. XVII. O paço, em estilo maneirista, tem uma fachada com 110 m de comprimento e é revestido a mármore da região.
A Casa de Bragança, fundada em 1442, por via do casamento do filho bastardo de D. João I – D. Afonso – com a filha de D. Nuno Álvares Pereira – D. Beatriz Pereira Alvim – os pais dos noivos constituíram este legado, ao qual cada um conferiu uma enormidade de terras, quer no norte quer no sul. À medida que o tempo passava, os filhos iam sucedendo, como Duques de Bragança, até que chegou D. Fernando II, 3ª Duque, que foi preso, julgado por traição e condenado pelo Rei D. João II, num processo mal explicado e fundamentado. O Duque D. Fernando II foi executado em Évora e as terras da Casa de Bragança foram anexadas pela Coroa… e o herdeiro, D. Jaime, com 4 anos de idade, foi desterrado para Castela. Foi D. Manuel I, sucessor de D. João II e tio de D. Jaime Duque de Bragança, que o convidou a tomar o seu lugar na coroa, e lhe devolveu o título e as terras, corria o ano de 1500. Foi então que D. Jaime ordenou a construção do Paço Ducal em Vila Viçosa, uma das terras parte do seu património e que ficava próximo de Évora, onde a Corte passava muito tempo.
Com a ascensão da Casa de Bragança ao trono de Portugal, após a Guerra da Restauração, em 1640, o Paço, que até então era residência do Duque, passou a fazer parte das habitações que a família real tinha, no País. Foi muito visitado por D. Luis e sobretudo por D. Carlos utilizou-o muito, tendo sido realizadas bastantes obras de requalificação, durante o séc. XIX, no sentido de trazer àquelas salas maior conforto. Foi sobretudo muito usado para acolher D. Carlos quando se deslocava à região, para caçar.
O Paço foi encerrado, após a proclamação da República e, só 40 anos depois foi reaberto, por força de disposições testamentárias de D. Manuel II e depois da criação da Fundação da Casa de Bragança.
Descrever este Palácio é uma tarefa inglória… só visto.
Merecem referência, na decoração do Paço, os frescos e azulejos seiscentistas, os tetos em caixotões e pintados, as lareiras em mármore, as valiosas coleções de pintura, escultura, mobiliário, cerâmica e ourivesaria…
De destacar as pinturas do teto da Sala dos Duques – tem os retratos de todos os “Príncipes de Sangue da Casa de Bragança” e quadros de Columbano e Malhoa, do Rei D. Carlos, Veloso Salgado, Henrique Medina.
A cozinha é também local de visita obrigatório, com a vasta coleção de utensílios em cobre.
Visitar o Paço Ducal faz-nos viajar ao tempo em que ele era ocupado, porque as salas, os quartos estão como estariam quando de facto eram utilizados… quando D. Carlos lá se deslocava, para caçar, com amigos.
O Paço Ducal tem quatro núcleos museológicos, qualquer deles com peças excelentes e que foram constituídos e inaugurados há relativamente pouco tempo:
- Armaria – contém peças que perfaziam as vastas coleções da Dinastia de Bragança, cujos membros sempre foram apreciadores de caça e da prática de tiro – pistolas e espingarda de cano torcido de Franz Mazenkopf, uma espingarda assinada por Bartolomeu Gomes, o protótipo de um bacamarte de seis canos rotativos de Beckwith, de 1850, o revólver disparado por D. Luis Filipe, no dia do Regicídio e aramas exóticas, africanas e asiáticas, da coleção do rei D. Fernando.
- Tesouro – entre o vasto Tesouro do Paço, pode distinguir-se a preciosa Cruz de Vila Viçosa, que contém uma relíquia do Santo Lenho, peça que foi mandada executar, pelo Duque D. João II, mais tarde rei D. João IV, a Filipe Vallejo, entre 1656 e 1673.
Para além desta relíquia, podem ser apreciadas 170 peças da ourivesaria civil dos sécs XVIII e XIX, entre as quais a Cruz de D. Catarina de Bragança, a Caravela-cofre e diversas alfaias religiosas. Do Tesouro fazem também parte pinturas, tapeçarias flamengas de quatrocentos, Tikis Maoris da Nova Zelândia, paramentos em lã de Lama e bordados a ouro e belas peças de cerâmica.
- Porcelana Azul e Branca da China – este núcleo museológico possui a mais importante coleção particular de porcelana chinesa existente na Península Ibérica e pertença de J. G. Amaral Cabral, ligado à Fundação da Casa de Bragança. Dispõe de cerca de uma centena de peças em porcelana branca, pintadas a azul cobalto, sob o vidrado e que datam dos séc. XVI e XVII – a evolução das formas, a simbologia dos animais, das plantas e dos objetos tradicionais mostram a evolução política, social e religiosa do Grande Império do Oriente
- Coches e Carruagens – Desde a reabertura do Paço Ducal, nos anos 40, que podiam ser vistos, na Cocheira Real, coches, berlindas e landaus. A partir de 1984 e de um acordo com o Museu dos Coches, podem ser vistos, em Vila Viçosa, coches e berlindas do séc. XVIII, pertencentes à Família Real e também viaturas de gala dos séc. XIX e XX.
Como é fácil de calcular, existem também, na Cocheira Real, exemplares de carros de campo e de caça…
- Tapada Real – é parte do conjunto do Paço Ducal e deve-se, primitivamente, a D. Jaime que, em 1515, protegeu com um muro a Herdade do Meio, entre as ribeiras de Borba e da Asseca, na qual abundava o montado de sobro e azinho.
Mais tarde, a área foi ampliada pelos sucessores do 4º Duque de Bragança, passando a abranger uma área bastante superior, e ocupando terrenos dos concelhos de Vila Viçosa, Borba e Elvas. A Tapada Real continuou a ser murada, dispondo de cinco portas de entrada – S. Bento, Stª Bárbara, Albufeira, Stº António e Ferro – para um espaço natural, privilegiado, com fauna e flora riquíssimas e ainda três Ermidas – de Stº Eustáquio, S. Jerónimo e Nª Srª de Belém – e ainda um Palacete.
- Santuário de Nª Srª da Conceição – é a Igreja Matriz de Vila Viçosa e fica situada na cerca amuralhada do Castelo, no local onde D. Nuno Álvares Pereira mandou erigir a Ermida de Stª Maria do Castelo. A fachada é sóbria, por força das remodelações que foram feitas, sobretudo depois do terramoto de 1755. Tem interior de três naves, apoiadas em colunas dóricas de mármore da região. Na capela-mor está uma imagem de Nª Srª da Conceição, protegida por grades com enfeites de prata e ladeada por duas telas quinhentistas trazidas do Convento das Chagas e que representam a Ressurreição e aparição de Cristo à Virgem.
Em 1646 D. João IV, o rei Restaurador, dedicou a Nª Srª da Conceição o reino de Portugal, proclamando-a rainha e padroeira da Nação – desde essa altura este passou a ser um lugar de grande devoção
- Pelourinho – fica em frente da torre de menagem do Castelo. Data de 1512, após foral dado por D. Manuel I e é em estilo gótico-manuelino, sendo considerado um dos mais belos e requintados exemplares do seu estilo
- Igreja de S. João Evangelista – é também conhecida como Igreja do Colégio ou de S. Bartolomeu, data do séc. XVII, e foi mandada edificar pelos Duques de Bragança, para acolher o colégio dos jesuítas de S. João Evangelista, fundado em 1601. A fachada é imponente, revestida com os mármores da zona, e tem três ordens de janelas e também de portais, ladeados por colunas dóricas. Tem duas torres sineiras, uma de cada lado da fachada e, no meio, um relógio ali colocado pela autarquia, em 1822. O seu interior é barroco, sendo de apreciar o retábulo do altar-mor em talha dourada, trabalho da autoria do calipolense Bartolomeu Gomes, feito em 1726.
- Igreja da Lapa e Cruzeiro de Vila Viçosa – é um edifício barroco, construído entre 1756 e 1764, em que foi largamente utilizado o mármore. Fica no Campo da Restauração. O cruzeiro é manuelino, séc. XVI, tendo sido inicialmente construído na cerca do Mosteiro de Stº Agostinho foi depois para esta localização no Campo da Restauração ou do Carrascal. O cruzeiro é dividido em duas partes ligadas pelo abraço da serpente, em alto relevo, o que é uma representação fora do comum de Cristo Crucificado.
- Igreja e Convento dos Capuchos – é uma igreja conventual dedicada a Nª Srª da Piedade. É barroca, tendo, no interior três nichos com as figuras de S. Francisco, Stº António e S. Bernardino de Siena, todas elas em terracota. Data do séc. XVIII e tem, à entrada, um gradeamento em ferro forjado, do mesmo século. No alpendre, antes de se entrar na Igreja, pode ver-se, à esquerda, uma capela, de S. Francisco, construída no reinado de D. João V e que é fora do comum, constituindo uma das características mais marcantes do edifício. No interior pode ver-se ainda quatro figurações iconográficas, em barro cozido e policromado – uma delas representa S. Francisco, no seu humilde leito de morte, sendo chorado por oito frades ajoelhados
- Museu do Mármore – está instalado na antiga estação de Caminhos de Ferro de Vila Viçosa e apresenta os vários aspetos da indústria extrativa e transformadora do mármore, com a chamada de atenção para todos os instrumentos necessários, com especial destaque para os utilizados nos primórdios da exploração, ainda no tempo dos romanos
Freguesia de Bencatel
- Igreja Paroquial de Stª Ana – Stª Ana é a padroeira da freguesia. A igreja de arquitetura sóbria e simplista, foi construída em 1763, pelo proprietário das terras, Conde de Galveias. No interior há a destacar o batistério, simples, mas com um excelente painel de azulejos de 1780, representando o Batismo de Cristo. Próximo da Igreja, fica a Casa Paroquial, onde viveu durante algum tempo o Padre Joaquim espanca, ilustre calipolense – na casa onde viveu existe, numa parede, um relógio de sol em mármore.
Freguesia de Pardais
Nesta pequena freguesia, com algumas cautelas, pode passar-se numa das pedreiras de mármore existentes, junto da Fonte de Soeiro, onde se pode ter uma ideia dos trabalhos e processos necessário à extração de mármore. É em Pardais que fica a:
- Igreja de Stª Catarina – data de 1906, simples, e altaneira.
- Anta dos Apóstolos – fica situada junto à Ribª de Pardais. Monumento megalítico do período neolítico, IV milénio a.C., é único no concelho e teria, como todas as existentes no País, uma função funerária.
Freguesia de Ciladas-S. Romão
- Igreja de S. Romão – será dedicada ao santo que terá sido monge de Panóias, no ano de 566. Arquitetura rural alentejana tem, a frontaria com remate triangular encimada por dois campanários emparelhados, que albergam sinos de bronze.
É obrigatório, para quem visitar Ciladas, isto é a extinta povoação de Ciladas, sede da freguesia ainda hoje, se considerarmos só o nome – era o ponto de encontro da população que vivia nos montes dispersos pelo campo. Na extinta povoação subsistem ainda as ruínas da igreja e da escola primária, que guardarão de certeza muitas memórias
PERSONALIDADES LIGADAS A VILA VIÇOSA
- D. NUNO ÁLVARES PEREIRA – cuja valentia, coragem, obstinação, genialidade militar, capacidade de liderança e humildade são sobejamente conhecidas, assim como os seus feitos militares, recebeu Vila Viçosa como paga pela vitória da Batalha de Aljubarrota. É considerado como “o santo fundador da real, sereníssima e fidelíssima Casa de Bragança” após ter entregado a sua filha, D. Beatriz, em casamento, a D. Afonso, filho de D. João I. D. Afonso foi o 1º Duque de Bragança.
D. Nuno Álvares Pereira mandou construir, em Vila Viçosa, a Igreja em honra de Nª Srª da Conceição e, mais, tarde, mandou construir o Convento do Carmo, em Lisboa, para onde se retirou, com o nome de Nuno de Stª Maria – foi beatificado em 1918, pelo Papa Bento XV e canonizado em 26 de Abril de 2009, pelo Papa Bento XVI, tendo passado a ser denominado S. Nuno de Stª Maria
- D. JOÃO IV, REI RESTAURADOR – nasceu em Vila Viçosa, sendo filho do 7º Duque de Bragança, D. Teodósio. Teve papel de destaque na Guerra da Restauração, e iniciou a 4ª Dinastia, após vencidos e expulsos os Filipes espanhóis. Teve também um papel preponderante na consolidação da nossa Independência, devido aos contactos que estabeleceu com todas as Cortes europeias, para que apoiassem a nossa causa.
- CATARINA DE BRAGANÇA – é filha de D. João IV e de D. Filipa de Gusmão e nasceu também em Vila Viçosa. Era muito culta e estudiosa, tendo casado com Carlos II de Inglaterra e, assim ascendido a Rainha de Inglaterra, a única portuguesa alguma vez nesta posição. No entanto, o facto de ser católica não permitiu que tivesse sido coroada, embora tenha sabido integrar-se na corte inglesa, onde introduziu alguns hábitos e gostos como o de beber chá, a geleia de laranja, a “marmelade” e ainda o uso dos talheres e do tabaco.
Após a morte do marido regressou a Portugal e exerceu a regência em dois períodos diferentes, em que o Rei D. Pedro, seu irmão, esteve impedido – quando fez uma viagem à Beira e quando esteve doente. D. Catarina exerceu esta atividade com grande sentido de Estado, intervindo efetivamente na política diplomática. Faleceu em 1705, em Lisboa
- PÚBLIA HORTENSIA DE CASTRO – Nasceu em Vila Viçosa, onde iniciou os estudos. Demonstrando grande capacidade e com a proteção do seu parente Arcebispo D. José de Melo, foi estudar filosofia, para a Universidade de Évora. Mais tarde, frequentou retórica, humanidades e metafísica, na Universidade de Coimbra. Era intelectualmente brilhante e, por isso, era famosa nos meios literários e científicos. Em 1561, ao prestar provas para se licenciar, impressionou pela capacidade argumentativa.
André de Resende, seu mestre, ficou muito impressionado e falou dela aos estrangeiros com quem se correspondia, tendo despertado a curiosidade dos intelectuais da Europa – Espanha, França, Itália.
Em 1574 Públia Hortensia de Castro frequenta o Paço de Évora e a erudita Academia da Infanta D. Maria. Mais tarde, em 1581, deixa de ter apoio e, desgostosa com o abandono e ingratidão do poder, entra para o Convento do Menino Jesus da Graça, em Évora, onde faleceu, aos 47 anos. Foi a 1ª mulher Doutorada, em Portugal …
- HENRIQUE POUSÃO – nasceu em Vila Viçosa, em 1859 e desde muito cedo manifestou grande aptidão e interesse pelo desenho. Foi o mais inovador pintor português do séc. XIX, tendo a sua produção artística sido desenvolvida durante a sua formação na Academia Portuense de Belas Artes do Porto e em Paris, como bolseiro do Estado. A sua pintura é inspirada pelos locais por onde passa, como Paris, Roma, Nápoles, Capro, Génova, Marselha e Barcelona. Morre, precocemente, aos 25 anos de idade, na terra onde nasceu. A sua pintura está patente no Museu Soares dos Reis, no Porto
- FLORBELA ESPANCA – nasceu em Vila Viçosa, a 8 de Dezembro de 1894 e teve uma infância feliz, tendo escrito o 1º soneto aos 8 anos, demonstrando grande capacidade intelectual. Frequentou o liceu André de Gouveia, em Évora. Cedo demonstrou ter absorvido, nas leituras que sempre fazia, com prazer, a filosofia de Hegel, Nietzsche e Kant. Em 1917 foi estudar para a Universidade de Lisboa, onde contactou com outros poetas e, em 1919, publicou a sua primeira obra poética - Livro de Mágoas. Sucedeu-se, em 1923 o Livro de Soror Saudade. A obra de Florbela Espanca denota sofrimento, solidão e desencanto, aliados a imendsa ternura, desejo de felicidade e plenitude. A linguagem que utiliza nas suas obras, passional, veemente, baseada nas suas próprias frustrações e anseios, é de grande sensualidade.
Em Charneca em Flor e Cartas de Florbela Espanca, canta a sua terra, a planície alentejana. Estas duas obras foram publicadas após a sua morte, por suicídio.
- BENTO DE JESUS CARAÇA – nasceu em Vila Viçosa, em Abril de 1901 e quando chegou a altura, aprendeu a ler com um trabalhador, José Percheiro, da herdade Casa Branca, de que seu pai era feitor. A herdade pertencia a Raul de Albuquerque cuja esposa, vendo a extraordinária facilidade com que o Bento aprendia, resolveu tomar a seu cargo a educação do rapaz. Concluiu a primária com distinção e frequentou depois os liceus de Santarém e Pedro Nunes, em Lisboa. Concluído o liceu, entrou no Instituto Superior do Comércio, hoje Instituto Superior de Economia e Gestão, onde se licenciou com elevada classificação.
Bento de Jesus Caraça deu outra notoriedade e dimensão aos estudos de economia, criou o Centro de Estudos de Matemáticas Aplicadas à Economia e fundou uma Gazeta da Matemática.
Conceitos Fundamentais da Matemática é a sua obra mais notável, publicada em 1941, ano em que fundou a Biblioteca Cosmos, para edição de livros de divulgação científica e cultural, projeto único, até então, na Europa.
No Estado Novo teve grande atividade política, fazendo parte do Movimento de Unidade Nacional Anti-Fascista e do Movimento de Unidade Democrática, lutando pela liberdade e pela democracia e, em 1946 foi preso pela Pide e demitido do cargo de professor catedrático – era excelente professor, que incutia nos alunos o gosto pelo estudo e os obrigava a pensar. Morreu em Lisboa, no dia 25 de Junho de 1948, com 47 anos de idade.