Porque Coimbra é para quem procura uma ligação com a história e o Porto para quem quer passear à beira-rio. Já Arganil é para quem quer mudar de ares. O município, parte do Distrito de Coimbra, é bastante conhecido pelas densas paisagens naturais e pelo conforto junto ao campo: longos trilhos naturais embalados pelo Rio Alva, numerosos conjuntos de serras que cortam a respiração e paisagens que tanto têm de bucólico como de exótico. A vegetação aqui tem vários aspetos e figuras. E é neste sentido que as terras batidas e os percursos vertiginosos são – já há bastantes anos – palco do famoso Rally de Portugal, nomeadamente na região de Côja.
A imponente Capela de São Pedro
Uma lembraça do passado da terra
Luzes iluminam as estradas ao cair da noite
Casas emparelhadas em Arganil
Conhecer a história
Como muitas localidades em Portugal, também o município de Arganil está ligado a épocas remotas da História da Humanidade: desde vestígios do Calcolítico, na Necrópole de Moinhos de Vento, até mesmo às ruínas da época romana no Acampamento Militar Romano da Lomba do Canho, estas terras unem período dispersos e de influências diversas.
A ocupação romana foi bastante impactante, permanecendo no território por cerca de 100 anos, entre os séculos I antes e depois de Cristo. Entre influências visigodas e árabes, o cristianismo moldou a história da região. O primeiro foral foi concedido a Arganil em 1114, início do século XII, pelo Bispo de Coimbra. Anos mais tarde, D. Manuel concedeu um novo foral em 1514.
Em 1809, Arganil ficou marcado pelas invasões francesas, com as tropas de Wellington, a servirem de apoio, aquarteladas na Capela da Misericórdia. A pegada francesa sentiu-se com bastante força, pois apesar da persistência em território nacional, deixaram um rasto de morte e pilhagem. Sob o comando de William Cox, militar irlandês, no ano seguinte, Arganil interveio com a sua Milícia com o objetivo de resistir à terceira invasão francesa. Os acontecimentos dos dias 27 e 28 de agosto revelaram uma extrema dificuldade para o exército Anglo-Luso. Devido a uma enorme explosão, o general Cox sofreu uma perda de 500 homens, sendo cada vez mais improvável conseguir resistir aos ataques de André Masséna, o comandante militar francês. A vitória só ocorreu na sequente Batalha do Buçaco, assim como nos Combate de Redinha e do Sabugal; foi apenas uma questão de tempo até os francês iniciarem a retirada a 3 de abril de 1811.
O século XX trouxe grandes mudanças para a região. Por um lado, a 1ª grande guerra teve um impacto negativo na região, pois mais de 260 arganilenses foram mobilizados para combater. Por outro, entre as décadas de 30 e 50 registou-se um crescimento interno baseado na interajuda: nasceu o movimento Regionalista, que incluía todos os naturais que se tinha mudado para a capital em busca de uma melhor vida. Estas pessoas contribuíam com fundos para financiar o desenvolvimento de Arganil, nomeadamente em matérias de reparação e renovação de infraestruturas e de abastecimento de água e eletricidade para a população.
Em busca dos sabores
A gastronomia da beira Serra é rica em todos os sentidos: forte em sabor, diversificada nos ingredientes e tradicional na apresentação. A de Arganil não é diferente: a região apresenta uma longa lista de comidas essencialmente cozinhadas no forno e servidas bem quentes.
Arganil é também terra de sopas, com a canja de galinha à Serrana, a Aferventada, o caldo de Castanhas, as papas Laberças e a típica sopa Serrana a cativaram os olhares — e também o estômago — de quem passa pela região.
As carnes são também motivo de paragem. Aliás, devido à abundância de património, realiza-se todos os anos a Feira das Freguesias - Mostra Gastronómica, onde estão devidamente representadas todas as freguesias do concelho com o objetivo de exibir o melhor de cada terra. Aqui a originalidade impera, pois podemos encontrar pratos como arroz de pombo bravo senhorial, bolas de carne à Convento de Folques, borrego recheado à moda de cepos, bucho recheado à moda de Folques e, claro, cabrito à Serrana. Se toda esta enumeração não lhe abriu o apetite, então talvez estas fotos ajudem.
Cabrito à Serrana
Bucha recheado à Moda de Vila Cova de Alva
Tigelada
Chanfana
Fotos da autoria de Visit Arganil
Onde ficar
Se procura uma estadia fortemente marcada pelo verde, então certamente as Casas da Serra do Açor não defraudará expectativas: paisagens rodeadas pelo natural e cobertas por uma tranquilidade que só encontrará fora das grandes cidades; importante referir que os sócios ACP têm até 20% de desconto nesta estadia. Também recomendamos a Casa da Padaria, na Aldeia do Piódão, para se deliciar com uma arquitetura essencialmente baseada em xisto com telhados de ardósia. E se fizer a reserva através do Booking, tem até 10% de desconto se for sócio.
Outras perspetivas
À riqueza natural do concelho juntam-se as aprazíveis e refrescantes praias fluviais espalhadas um pouco pelos quatro cantos, que, com as suas águas cristalinas, se tornarão nas melhores aliadas quando o calor apertar. São mais de dez praias fluviais das quais salientamos: Praia Fluvial da Cascalheira; Praia Fluvial de Côja, Praia Fluvial da Benfeita e Zona Balnear Foz de Egua.
A não perder: Aldeia de Piódão, aldeia encaixada na Serra do Açor, na escarpa abrupta moldada numa estrutura de malha cerrada e traçado sinuoso, bem adaptada à rugosidade do espaço envolvente. As pastagens da Serra de São Pedro do Açor, recheada de nascentes, atraíram os pastores lusitanos que ali alimentaram os seus rebanhos. Na época medieval, formou-se um pequeno povoado a que foi dado o nome de Casal Piodam, depois transferido para a atual localização, talvez devido à instalação do Mosteiro de Cister, de que já não restam vestígios. A este mosteiro poderá estar ligada a antiga invocação de Santa Maria da Igreja Matriz, comum nas Abadias.
Um dia em Arganil
Itinerários possíveis
Sugestão de itinerário 1 I 83 km
Tempo do percurso I 2h4 minutos, só o tempo de condução
Uma visita por Arganil e de todo o seu património. Há aqui espaço para as zonas mais caricatas e recônditas, como Côja, Benfeita, passando pela Mata da Margaraça, sem esquecer, claro, os icónicos caminhos para Piódão.
Sugestão de itinerário 2 I 42 km
Tempo do percurso I 53 minutos, só o tempo de condução
Freguesias, pequenas vilas e aldeias históricas. Este percurso tem um pouco de tudo para que conheça cada canto de Arganil. Uma viagem bucólica, repousante, com um passagem especial pela Barragem das Fronhas.
Sugestão de itinerário 3 I 52 km
Tempo do percurso I 83 minutos, só o tempo de condução
Este circuito, que acompanha o curso do Rio Alva, recomenda-se somente pela beleza da paisagem. No caminho, as freguesias e localidades referidas merecem uma visita, incluindo Avô, que já pertence a Oliveira do Hospital.
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