Enquanto há 20 anos a Tesla não passava de uma start-up, hoje a marca norte-americana é a mais valiosa do mundo e tornou-se na grande referência do segmento dos automóveis elétricos. Ao mesmo tempo, o seu volume de vendas aproxima-se do apresentado por marcas há muito estabelecidas.
Esta ascensão “meteórica” deveu-se, em grande parte, a Elon Musk, um nome que quase se confunde com o da própria Tesla. Curiosamente, o multimilionário não foi o fundador da marca. Esse papel foi desempenhado por Martin Eberhard e Marc Tarpenning, que criaram a então Tesla Motors a 1 de julho de 2003.
Os “caminhos” da Tesla e de Elon Musk só se viriam a cruzar em fevereiro de 2004, quando Musk se tornou no maior acionista da empresa. Quatro anos depois chegou a Diretor Executivo e o resto é história.
Apesar de o Tesla Roadster, baseado no Lotus Elise e lançado em 2008, ter sido o primeiro modelo da marca, o papel de “porta-estandarte” da marca de Elon Musk coube ao Model S, lançado em 2012.
Com soluções técnicas de referência (principalmente no campo da eletrónica e das baterias), o topo de gama da Tesla veio mostrar que era possível criar um modelo executivo 100% elétrico. Ao mesmo tempo, mostrou como poderia ser um futuro movido a eletrões e o que mais se destacou foram as… performances.
Desde cedo a Tesla percebeu que para contrariar o domínio da combustão na indústria era preciso mostrar as potencialidades dos modelos elétricos e nada melhor do que arranques vertiginosos dos 0 aos 100 km/h para o fazer. Basta recordar que o atual Model S Plaid cumpre esta aceleração em apenas 2,1s, um valor que bate muitos superdesportivos.
Com o Model S a cimentar a Tesla como um nome a ter em conta no mercado seguiu-se o Model X, o seu primeiro SUV com umas vistosas portas traseiras “asa de gaivota”, mas foi o Model 3 que se estabeleceu quase como o “Ford Model T” da jovem marca.
Mais compacto e acessível que o Model S, mas com soluções técnicas igualmente avançadas, o Model 3 tem-se vindo a impor nos mais diversos mercados, desde a China aos Estados Unidos passando pela Europa, onde foi o líder do segmento D em 2021 e 2022.
Contudo, o papel de best-seller da marca de Elon Musk estava reservado para o Tesla Model Y, o seu segundo SUV. Com dimensões próximas às do Model 3, e por isso mais adaptado à Europa, com 758 792 unidades vendidas em 2022 o Model Y foi o quarto automóvel mais vendido no mundo no ano passado e, segundo Elon Musk, será o mais vendido em 2023.
Apesar dos bons resultados e de ter já fábricas nos EUA, na China e na Europa, às quais se pode ainda juntar uma fábrica em Portugal caso se confirmem os rumores surgidos após a desistência de Valência, em Espanha, a Tesla não tem estado imune a polémicas, muitas delas motivadas pelo seu excêntrico líder e pelas promessas por ele feitas.
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Por exemplo, em 2019 — numa altura em que as vendas dos Model S e X já começavam a refletir a idade e o posicionamento comercial dos dois modelos — a Tesla anunciou com “pompa e circunstância” a Cybertruck, a sua primeira pick-up e um modelo particularmente importante para o mercado norte-americano.
Contudo, quase quatro anos depois, a Cybertruck continua sem ver a “luz do dia”. Outro modelo já muitas vezes abordado por Elon Musk e que continua sem ser lançado é o futuro Model 2 (ou Model B), o mais pequeno e acessível dos Tesla.
O papel disruptivo da Tesla no mercado não se deve apenas aos seus modelos. Por exemplo, o sistema Autopilot é um dos sistemas de assistência à condução mais avançados do mercado, isto apesar de não permitir a condução 100% autónoma (consegue apenas condução autónoma de nível 2).
Também a nível industrial a Tesla tem sido disruptiva. O melhor exemplo são as Gigapress, máquinas gigantes de moldes de injeção que permitem produzir a secção traseira ou dianteira de um automóvel.
Tendo em conta o crescimento da Tesla nos últimos 20 anos, a grande questão que se coloca é: até onde pode crescer a marca liderada por Elon Musk?