O incêndio que deflagrou nas instalações da Auto Sueco, na zona industrial do Porto, fez bem mais do que causar alarme geral ou comprovar a eficiência das equipas de emergência.
Afinal, além de terem destruído o armazém da empresa, as chamas consumiram também os seus escritórios. No fundo, destruíram o “coração” de uma empresa que no nosso país é, há muito, sinónimo da marca sueca Volvo.
A génese da Auto Sueco remonta a 1933. Na época, a Volvo estava cada vez mais interessada na expansão para outros mercados e Gunnar Wingren, inspetor de exportação da Volvo, viu em Luiz Óscar Jervell o homem ideal para trazer a marca para Portugal.
Filho de pai norueguês e mãe portuguesa, Luiz Óscar Jervell nasceu a 1 de março de 1905 no Porto e rapidamente aceitou o desafio lançado por Gunnar Wingren, provando ter sido a escolha certa. Ainda em 1933, e em apenas um mês (a 27 de junho e 27 de julho), foram importadas as duas primeiras unidades Volvo da série 70.
As bases da Auto Sueco estavam lançadas, mas só na década seguinte é que a marca seria oficializada. E a Segunda Guerra Mundial deu uma ajuda.
Amigo de Luiz Óscar Jervell, o norueguês Yngvar Poppe Jensen, era inspetor técnico para a assistência após-venda da Volvo e presença assídua em Portugal. Quando uma das suas viagens a terras lusas coincidiu com a ocupação da Noruega durante a Segunda Guerra Mundial, Yngvar Poppe Jensen viu-se impossibilitado de regressar ao seu país. Acabou por ficar em Portugal e ajudou a lançar a Auto Sueco.
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A agora famosa denominação surgiu pela primeira vez a 1 de abril de 1949, data em que o negócio se tornou autónomo. O então Chefe da Contabilidade, João Pinto de Freitas, foi nomeado gerente da nova empresa da qual haveria, mais tarde, de se tornar sócio e na qual exerceu funções de Diretor Geral.
Sem surpresa, nos anos seguintes, a Auto Sueco não parou de crescer. As vendas da Volvo em Portugal aumentavam exponencialmente e a assistência e o serviço após-venda eram uma referência.
Assim, foi com naturalidade que a empresa foi inaugurando instalações por todo o país, criando empresas associadas e alargando a sua rede de concessionários. A constituição em 1959 da Auto Sueco Coimbra (atual Ascendum) é um exemplo dessa expansão.
Outro foi, em 1994, a associação à Kohler, marca que a Auto Sueco representa em Portugal e que é responsável pela comercialização de grupos eletrogéneos. Estava feita a entrada da Auto Sueco noutras áreas de negócio.
Desde então, a Auto Sueco não parou de crescer e diversificar o seu portefólio: depois de na década de 1990 ter expandido a sua atividade para Angola (1990) e Espanha (1999), a empresa sediada no Porto chegou aos EUA em 2004, com a então ASC Construction Equipment USA (hoje Ascendum USA), ao Botswana (2006), Brasil (2007) e Turquia (2010).
Em Portugal, a Auto Sueco comprou, em 2003, o Grupo Civiparts, mas em 2008 deixou de ser o importador nacional dos automóveis ligeiros de passageiros da Volvo, mantendo a importação dos camiões e dos autocarros.
Dez anos depois, em 2018, a Auto Sueco “reinventou-se”. Assim, a 1 de outubro, nasceu a Auto Sueco Portugal, S.A.. Depois de 85 anos a desenvolver a sua atividade em diferentes áreas de negócios, a Auto Sueco transitou juridicamente alguns dos seus negócios para o Grupo Nors, nascido em 2013, um ano depois de a Auto Sueco ter ultrapassado a barreira dos mil milhões de euros de facturação.
Já em 2019, e mantendo a tradição de inovação, a Auto Sueco criou o Centro de Colisão e Serviços Especializados e em 2021 incorporou a marca Isuzu no portefólio de produtos pesados de passageiros.