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EUA anunciam tarifas de 25% sobre automóveis fabricados no estrangeiro

| Revista ACP

Imposto sobre a importação de automóveis vigora a partir de 2 de abril.

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou a aplicação de uma tarifa de 25% sobre todos os automóveis importados, ou seja, todos os que são fabricados fora dos EUA. A administração norte-americana estima que a medida vai gerar 100 mil milhões de dólares (aproximadamente 93 mil milhões de euros) em receitas fiscais para o país.

"O nosso setor automóvel vai florescer como nunca", afirmou Trump, na quarta-feira, quando assinava o decreto que implementa a tarifa de 25% sobre os automóveis estrangeiros.

"O dia da libertação da América está a chegar. Durante anos temos sido enganados, praticamente, por todos os países do mundo, tanto aliados como inimigos. Esses dias acabaram - América primeiro", escreveu mais tarde o presidente dos EUA, em letras garrafais, na Thruth Social, a rede social que criou em 2021.

A tarifa anunciada sobre os automóveis produzidos fora dos EUA entra em vigor a partir de 2 de abril, sendo expectável que a medida provoque um agravamento dos preços dos automóveis naquele país.

A maioria dos carros vendidos nos EUA são produzidos no México, Canadá, Coreia do Sul ou Japão, sendo que no ranking das vendas automóveis de 2024 as fabricantes alemãs Volkswagen, BMW, Mercedes-Benz e Audi estão entre as 20 marcas mais comercializadas. Os veículos de outros construtores europeus como a Volvo, Fiat, Porsche ou Land Rover, também são vendidos nos EUA, segundo o mesmo ranking, que elenca aquelas marcas em posições mais inferiores.

No top10 da lista de2024 estão as asiáticos Toyota, Honda, Nissan, Hyundai, Kia e Subaru.

 

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Fabricantes temem impacto

A Associação Europeia de Fabricantes de Automóveis (ACEA) já alertou que uma tarifa de 25% sobre os carros fabricados fora dos EUA terá um impacto negativo global no setor, incluindo para os fabricantes americanos.

"Pedimos ao presidente [Donald] Trump que considere o impacto negativo das tarifas, não apenas sobre os fabricantes globais, mas também sobre a indústria nacional dos EUA", disse a diretora-geral da ACEA, Sigrid de Vries.

"Os fabricantes de automóveis europeus investem nos EUA há décadas, criando postos de trabalho, promovendo o crescimento económico nas comunidades locais e gerando enormes receitas fiscais para o governo dos EUA”, acrescentou de Vries, que lidera o organismo que representa mais de uma dezena de fabricantes europeus, incluindo os grupos BMW, Volvo, Volkswagen, Mercedes-Benz, Renault e Stellantis.

Para a Associação Alemã de Fabricantes de Automóveis (VDA, sigla anglo-saxónica), tarifas adicionais "representam um fardo considerável para as empresas e cadeias de fornecimento globais" na indústria automóvel, "com consequências negativas, especialmente para os consumidores, inclusive na América do Norte"

"As consequências serão sentidas no crescimento e na prosperidade de todos os lados", acrescentou a VDA, sublinhando que "o risco de um conflito comercial global" é "alto em todos os lados".

Também a indústria automóvel britânica pediu que Londres e Washington consigam um acordo para evitar tarifas.

"Em vez de impor tarifas adicionais, deveríamos explorar formas de criar oportunidades para os fabricantes do Reino Unido e dos EUA", declarou Mike Hawes, presidente executivo da associação setorial SMMT, em comunicado.

O Reino Unido está atualmente em negociações com os Estados Unidos para concluir um acordo económico que lhe permita evitar as tarifas alfandegárias americanas, que têm vindo a ser impostas a muitos países há semanas.

UE promete resposta

O governo alemão também já apelou à UE uma resposta firme ao aumento das tarifas aduaneiras norte-americanas sobre exportações de automóveis.

"Deve ficar claro que não nos curvaremos perante os Estados Unidos", afirmou o ministro da Economia e vice-chanceler, Robert Habeck, em comunicado.

Perante o anúncio do presidente dos EUA, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, lamentou a medida mas garantiu que a UE vai proteger os seus interesses.

"As tarifas são impostos, são más para as empresas e piores ainda para os consumidores, tanto nos EUA como na UE", defendeu em comunicado a chefe do executivo comunitário. “A UE vai continuar a procurar soluções negociadas, salvaguardando ao mesmo tempo os seus interesses económicos”, frisou von der Leyen.

Como uma grande potência comercial e uma comunidade forte de 27 Estados-membros, protegeremos conjuntamente os nossos trabalhadores, empresas e consumidores em toda a União Europeia”, acrescentou, lembrando que a indústria automóvel "é um impulsionador da inovação, competitividade e empregos de alta qualidade, através de cadeias de abastecimento profundamente integradas em ambos os lados do Atlântico".

Do outro lado do Atlântico, o primeiro-ministro do Canadá, Mark Carney, considerou o anúncio de Trump "um ataque direto" e prometeu constituir um fundo estratégico de dois mil milhões de dólares canadianos (cerca de 1,3 mil milhões de euros) para mitigar o impacto na indústria automóvel canadiana. Também Doug Ford, primeiro-ministro da província canadiana de Ontário, onde se localiza a maioria das fábricas de automóveis do Canadá, promete retaliar. "Vamos assegurar-nos que vamos infligir quanta dor nos for possível no povo norte-americano", declarou.

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