Outrora especialmente associados ao público sénior e ao meio rural, os quadriciclos (também conhecidos como microcarros) viram a sua imagem mudar drasticamente nos últimos anos e as vendas parecem refleti-lo.
Hoje são particularmente procurados pelos jovens, seduzidos pela possibilidade de os poderem conduzir a partir dos 16 anos com a carta de categoria B1 e assim alcançarem uma independência que, normalmente, só teriam a partir dos 18 anos.
Os números de vendas de microcarros divulgados pela ACAP comprovam o aumento de popularidade destes pequenos veículos nos últimos anos. Analisando os números dos últimos cinco anos, o crescimento das vendas é evidente.
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Em 2019 foram registados 804 microcarros em Portugal, um valor superior aos 792 e 681 registados em 2020 e 2021, respetivamente, dois anos nos quais todo o mercado automóvel foi particularmente afetado pela pandemia de Covid-19.
Ultrapassado esse período, os números não deixam dúvidas: as vendas de microcarros estão em crescimento. Em 2021 foram vendidos 969 e em 2022 foram registados 1247 e muitos deles foram comprados por jovens condutores.
A comprovar o aumento da procura deste tipo de veículos por parte dos jovens estão os números divulgados pelo IMT e citados pelo JN. Entre 2019 e 2022 o número de jovens entre os 16 e os 18 anos que tiraram a carta de categoria B1 aumentou 52%.
Apesar do aumento do número de jovens com menos de 18 anos nas estradas, a sinistralidade envolvendo microcarros apresenta números que evidenciam a qualidade da formação destes jovens condutores. De acordo com dados da ANSR citados pelo JN, entre os 34 mil acidentes registados em Portugal em 2022, só 311 envolveram este tipo de veículos. Mais ainda, os condutores com menos de 19 anos representaram apenas 6,4% dos acidentes que envolveram ciclomotores no ano passado.
Totalmente elétrico, com um visual chamativo e o preço mais baixo do mercado, o Citroën Ami é um dos grandes responsáveis pela modernização da imagem dos microcarros nos últimos anos. Líder de vendas neste segmento quase desde o seu lançamento, o Ami ofereceu à marca a liderança de um mercado no qual os construtores franceses há muito que são “reis”.
Basta observar os números de vendas entre janeiro e abril deste ano para constatar o “peso” das marcas francesas entre os construtores de microcarros. No Top-5 de marcas mais vendidas nos primeiros quatro meses do ano, só uma, a Scootercar, não é francesa. No primeiro lugar surge a Citroën com 178 unidades registadas, seguindo-se a Ligier com 106, a Aixam com 103 e a Microcar com 47, numa clara prova de que as marcas gaulesas são nomes de relevo no mundo dos microcarros
Inseridos pelo Código da Estrada na categoria de quadriciclos, estes podem ser classificados como ligeiros (velocidade máxima até 45 km/h, até 425 kg de massa e 50 cc de cilindrada) e pesados (até 450 kg de massa ou 600 kg caso sejam de mercadorias).
Os quadriciclos ligeiros podem ser conduzidos com carta de categoria AM (que pode ser obtida a partir dos 14 anos), já para conduzir os quadriciclos pesados (a categoria na qual efetivamente todos os microcarros se inserem) é preciso a carta de categoria B1, carta essa que se pode tirar aos 16 anos.
Particularmente adequados à circulação em meio urbano, estes pequenos veículos estão proibidos de circular em autoestradas e vias equiparadas. Isto faz com que, por exemplo, alguém que viva na Margem Sul e tenha um microcarro tenha de recorrer ao serviço de ferry para vir até Lisboa.
Apesar destas limitações, a procura por este tipo de veículos continua a crescer e não apenas junto de clientes particulares. Recentemente o Citroën Ami juntou-se à frota dos CTT e é usado pela Portway nos aeroportos nacionais e há muitos municípios que apostam nos quadriciclos pesados como veículos de apoio aos trabalhos de higiene urbana.