Aprovada a moção do movimento "Aqui Há Porto!" para a instalação de portagens para veículos pesados na Via de Cintura Interna (VCI), o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, exigiu a aplicação das medidas para retirar pesados daquela via, acordadas por um grupo de trabalho em 2020, responsabilizando o Governo e Matosinhos pela não implementação.
“Nós não precisamos de reativar grupo de trabalho nenhum. Ele tirou conclusões. As conclusões estão tiradas. Portanto, é apenas aplicar as questões. É apenas aplicar o que foi decidido. A Câmara Municipal do Porto fará a sua parte, e a sua parte é uma intervenção, ainda com algum peso, nas saídas e entradas da VCI no Porto”, disse Rui Moreira.
As declarações do autarca independente surgiram antes da reunião extraordinária da Assembleia Municipal que decorreu esta segunda à noite, que a CDU convocou para analisar a mobilidade no Porto e em que a coligação PCP-PEV “vê como possível encontrar consensos (…) para retirar as portagens na A41 e na adoção de meios de emergência na VCI”.
“Eu vi a posição do engenheiro Rui Sá [deputado municipal da CDU], o que ele disse, que achava que nós concordávamos. Nós mais do que concordamos, nós temos vindo a lutar por isso há muito tempo”, afirmou Rui Moreira.
Na moção do movimento independente “Aqui Há Porto!”, que apoia Rui Moreira, a estrutura acusa a presidente da Câmara de Matosinhos, Luísa Salgueiro, de “com a proximidade das eleições” autárquicas de 2021, voltar “atrás na decisão” e reverter “a anuência dada à alteração dos pórticos de portagens nas autoestradas identificadas, cujo resultado é a manutenção do estado da VCI”.
“Quando os municípios contíguos solicitam ao Porto uma abordagem mais abrangente e metropolitana para a região, é notável que, ao depararem-se com decisões impopulares junto de seus próprios habitantes, optam, não raras vezes, por empurrar a responsabilidade para o Governo ou, como neste caso, para o Município do Porto, prejudicando desta forma soluções para o problema da mobilidade metropolitana”, critica o movimento.
Para Rui Moreira, “independentemente das decisões dos municípios, esta é uma decisão claramente do Governo e da IP [Infraestruturas de Portugal]”. “A Câmara de Matosinhos pode gostar ou não gostar, de vez em quando há medidas do Governo que se aplicam à cidade do Porto que nós também gostamos ou não gostamos”, mas como “a VCI é claramente, do Estado, através da IP”, “se há um problema na VCI, tem de ser o Estado a decidir”, defende o autarca.
Questionado sobre se reparte responsabilidades entre Matosinhos e o Estado, Rui Moreira anui, queixando-se que, depois de retiradas as conclusões, se “depois isso não é feito e não é concretizado na 25.ª hora, é normal” que a autarquia insista junto do Governo “para que, à falta de outras alternativas, que essa medida seja tomada”.
Já sobre se tenciona reunir-se com a presidente da Câmara de Matosinhos, Luísa Salgueiro, sobre este tema, Rui Moreira diz que essa não é uma competência sua, já que “esse impulso tem que ser dado pelo Governo”.
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“Matosinhos diz que depois de ter participado naquele estudo chegou à conclusão de que, para alguns dos seus habitantes, isso seria inconveniente. Mas isto é uma matéria que o Governo tem de articular com Matosinhos, já não posso ser eu”, reforçou Rui Moreira.
Em causa está a retirada de pesados da VCI, através da sua passagem livre do pagamento de portagens pela A41-CREP (Circular Regional Externa do Porto), defendendo Rui Moreira que é “claro” que é por aí que passa a resolução do problema da VCI, até por causa da sinistralidade dos pesados.
Questionado sobre a sinistralidade dos ligeiros, o autarca reconheceu que também existe, “mas os de pesados têm um problema, é que causam imediatamente uma trombose”, além dos acidentes serem mais perigosos. Também era proposta a eliminação de tráfego na A4, entre o nó da A3 e Matosinhos, e a introdução de pórticos dissuasores no acesso à VCI através da A3 e da A28.