Com ela a vida anda a alta velocidade. Sentada no banco do lado de pilotos credenciados, tanto nos ralis como no todo terreno, Inês Ponte é que dá notas a quem tem o volante na mão. Uma senhora que comanda os destinos de quem quer ser campeão. Este ano a meta já foi alcançada. Sagrou-se campeã nacional de ralis ao lado de José Pedro Fontes na equipa Citroën Vodafone Team.
Presentemente, Inês Ponte tem sido navegadora do campeão nacional de ralis, José Pedro Fontes, num Citroën DS3, mas também está presente no Campeonato Nacional de Todo Terreno ao lado do marido Pedro Grancha. Uma navegadora experimentada nas duas vertentes do desporto automóvel, com credenciais de fazer inveja. Uma vida agitada, temperada com a devida adrenalina e um horizonte carregado de objetivos. Fisioterapeuta de profissão e navegadora por devoção, Inês Ponte é uma mulher com uma vida cheia e realizada, ainda mais quando há cerca de um ano foi mãe pela primeira vez. Agora o Duarte é a luz da sua vida, mas mesmo assim, ela consegue arranjar tempo para tudo.
“Não é fácil, mas tento estar presente em todas as alturas importantes da minha vida. O mais sacrificado tem sido o trabalho, mas depois compenso”, afirma sorrindo.
O gosto pelos automóveis chegou cedo na vida da Inês. Foi tudo por culpa do pai, que até queria que ela fosse piloto. Luís Ponte, sempre ligado aos automóveis, idealizou uma carreira ao volante para a filha, mas ela sempre preferiu sentar-se no banco do lado.
“Ele queria que eu fosse piloto, tanto que, quando fiz 10 anos comprou-me um kartcrosse. Mais tarde, aos 13 anos chegou um Seat Marbella de troféu. Parecia que tinha o meu destino marcado. No entanto, e enquanto esperava pelos 18 anos para ter carta de condução e poder pedir a licença desportiva, comecei a minha carreira desportiva como navegadora logo aos 16 anos. Primeiro foram provas regionais e mais tarde no Campeonato Nacional de Ralis. Andei ao lado do Ricardo Teodósio, mais tarde naveguei a Diana Pereira na equipa oficial da Peugeot, e também na Skoda ao lado do Pedro Zamith”.
Apesar de ser natural de Lisboa, Inês viveu grande parte da sua vida no Algarve. Aos 32 anos, ela é uma mulher muito bonita e extraordinariamente simpática, possuindo grande popularidade no meio desportivo que escolheu. Mas a sua vida é muito mais do que isso, embora faça questão de estar presente nos principais acontecimentos ligados ao desporto automóvel, agora sempre com o filho Duarte ao colo.
“Só parei de correr no ano em que estive grávida. Se a minha vida nos ralis começou muito cedo, já no todo terreno as coisas chegaram um pouco mais tarde, precisamente na altura em que comecei a navegar a Maria Gameiro. Agora faço TT com o meu marido, o Pedro Grancha, que foi campeão nacional em 2006. Apesar de sermos casados, a nossa ligação a bordo é igual a qualquer piloto e navegador. Não existe uma relação marido/mulher. Está tudo perfeitamente sincronizado. E até quando temos um furo, mudar pneus é mesmo comigo”, gracejou a Inês, que quando corre no TT ao lado do marido é conhecida por Inês Grancha e nos ralis, com José Pedro Fontes como Inês Ponte. “Gosto mais de ser navegadora de ralis. Não é só por dar mais adrenalina, mas essencialmente porque tenho mais experiência. O TT é muito mais cansativo e exige mais preparação física” explicou a Inês.
Fisioterapeuta especializada
A vida da Inês Ponte está longe de ser fácil, pois a parte profissional é bastante exigente. Especialista em fisioterapia na vertente de neurologia, a Inês cuida da recuperação de doentes com lesão medular, habitualmente condicionados na sua mobilidade. “Sempre desejei trabalhar na área da saúde, mas sem nunca querer ser médica. Trabalhei muito com o falecido Dr. António Reis, um neurocirurgião muito conceituado, com um método de intervenção específico para lesionados medulares, com uma cirurgia exclusiva e uma recuperação própria”.
A Inês tem o seu ginásio de fisioterapia de recuperação integrado no Lar Militar da Cruz Vermelha Portuguesa há cerca de onze anos, com uma área de intervenção bastante vasta, embora a especialidade seja a recuperação de lesionados medulares.
Uma mulher de vida muito cheia. Para ela o filho Duarte é naturalmente a sua prioridade, logo seguida pela sua atividade profissional. No entanto, o desporto automóvel corre-lhe nas veias. “Ter sido campeã nacional de ralis em 2016 com o José Pedro Fontes foi uma enorme alegria. O ano passado não foi possível porque esperava o Duarte, mas este ano o meu objetivo foi alcançadoé sem dúvida um dos meus objetivos. Para além disso, gostava muito de fazer uma prova do WRC no estrangeiro. Não porque seja melhor que o nosso Rally de Portugal, mas pela experiência de correr no estrangeiro”, concluiu Inês Ponte.