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Portugal exporta quase 100% dos automóveis que produz

| Revista ACP

Tarifas norte-americanas vão obrigar país a adaptar-se a nova realidade.

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Portugal exporta 97,7% dos automóveis que produz, mas o panorama pode alterar-se na sequência das tarifas aduaneiras recíprocas e setoriais que os Estados Unidos da América (EUA) querem impor a todos os países.

Em 2024, a indústria automóvel portuguesa representava cerca de 20% do total das exportações portuguesas de bens para o exterior. De acordo com o Instituto Nacional de Estatística, foram fabricados 332.546 automóveis em Portugal (+4,5% face a 2023), sendo que 97,7% foram vendidos para fora do país.

A indústria automóvel nacional gerou 15,2 mil milhões de euros em exportações no último ano (-4,1% face a 2023), sendo a Alemanha, a França, o Reino Unido, a Espanha e a Itália, os principais destinos. A Europa representa 87,8% das exportações automóveis.

No global, Portugal exporta veículos para 123 mercados e componentes automóveis para 171 países no total. Do lado das componentes, os EUA representam 5% das exportações.

 

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Desafios no horizonte

Aqueles valores indiciam como a indústria automóvel é relevante para a economia e como o país está orientado para a venda no exterior. Por isso, o anúncio da produção do novo modelo elétrico da Volkswagen em Portugal, o investimento da CALB em Sines, e ainda o plano de ação da União Europeia para a indústria, representam como o país anda a captar investimentos.

No entanto, recentemente, surgiram desafios que não só podem colocar em causa a capacidade de atração de investimento e exportadora da indústria automóvel nacional, como farão subir os preços para os consumidores.

No caso da indústria automóvel, a par da concorrência e competitividade da China e EUA, a Europa enfrenta desafios acrescidos com a imposição de novas tarifas alfandegárias setoriais (aço, alumínio e automóveis) e recíprocas por parte dos EUA.

Washington suspendeu a aplicação de tarifas recíprocas por 90 dias, para negociar com mais de 60 países (excluindo a China), mas o contexto de incerteza permanece. O Governo português lançou apoios de 10 mil milhões de euros para mitigar impactos económicos.

Se se concretizarem ameaças específicas causadas por alterações nas dinâmicas geopolítica e económica, nomeadamente a anunciada aplicação de direitos aduaneiros e o agravamento das restrições ao comércio internacional por parte dos EUA, a indústria nacional, que está habituada a funcionar numa economia de mercado aberta, terá de se adaptar”, alerta António Aroso, responsável por acompanhar para a AICEP os setores da Defesa, aeroespacial e mobilidade.

A concretizarem-se as alterações referidas, “as formas de penetração [das empresas] em certos mercados podem mudar, bem como os investimentos no estrangeiro em detrimento das exportações”, escreve o gestor na edição de abril da Portugal Global, revista digital da AICEP.

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