Um currículo consistente, uma persistência digna de registo, mas essencialmente, uma paixão pelo todo terreno acima de qualquer suspeita, são estas algumas das definições para Céu Pires de Lima, que aos 69 anos ainda sente falta das emoções das corridas e das aventuras que o todo terreno proporciona.
Há três décadas Céu Pires de Lima não correu, mas esteve presente na primeira edição de Portalegre, sendo logo contagiada pelo vírus do TT.
“Na primeira edição fiz parte de uma assistência a motos com o Francisco Avelar e o Luís Lourenço e senti que teria de fazer parte integrante daquele mundo. No segundo ano já corri com um UMM sem qualquer tipo de preparação e com a minha amiga Colette Lestouquet como navegadora. Foi uma autêntica aventura, até cerca das quatro da manhã, quando parámos sem direção e sem suspensão. Eu achava que a competição estava reservada a verdadeiros pilotos, mas afinal dei-me bem com o ambiente e continuei. A partir daí fiz todas as edições de Portalegre até 1999, conduzindo diversos carros como o Nissan Patrol, os Mitsubishi Pajero a diesel e a gasolina, tendo voltado mais tarde à Nissan com um Terrano longo e com uma pick-up Navara. Só mais tarde comecei a conduzir os Toyota, depois de ter também tripulado um Renault Mégane, no meu regresso em 2002”.
Ao longo de quase 30 anos, Céu Pires de Lima contou com a colaboração de inúmeros navegadores. Colette foi a primeira e Albano Loureiro o último, mas pelo meio teve o prazer de correr com o seu filho Miguel Pinto Coelho como navegador, tendo inclusivamente assinado excelentes registos.
Embora a Baja Portalegre seja uma referência para Céu Pires de Lima e uma prova que marcou sempre a sua carreira, a piloto disputou diversas edições do Campeonato Nacional de Todo Terreno onde chegou a contar com posições de destaque na categoria T2, tendo assinalado também muitas presenças nas 24 Horas TT de Fronteira, onde alcançou um 3º lugar em 2008. O apelo internacional também levou Céu Pires de Lima a correr no estrangeiro, tendo registado um 4º lugar absoluto e uma vitória na categoria T1 numa Baja de Albacete, registando também três participações na Baja de Arágon.
E como qualquer apaixonado pelo TT que se preze, não podia faltar a Céu Pires de Lima uma experiência no Dakar, a mítica prova maratona que continua a empolgar qualquer praticante da modalidade. Uma primeira participação não concluída em 1997 com Isabel Robalo ao volante de um Mitsubishi Pajero 3.5, e um regresso em 2006 para chegar a Dakar ao volante de um Toyota Land Cruiser com Arnaldo Marques como navegador, depois de diversas etapas a conduzir mais de 24 horas. Um esforço que lhe valeu uma chegada apoteótica a Dakar numa prova marcante que teve partida de Lisboa.
No ano em que a Baja de Portalegre comemora a sua 30ª edição, Céu Pires de Lima culpa o “stress da lama” que se vive na prova alentejana por tanta devoção dedicada à prática do TT durante quase três décadas. “É uma prova diferente de tudo o que existe. Portalegre consegue recuperar o espírito do todo terreno”.