Em entrevista ao site da Federação Inteernacional do Automóvel (FIA), o diretor de Ralis, Andrew Wheatley, faz um balanço do seu primeiro ano nas funções, mas, acima de tudo, aponta pistas sólidas para mais uma época bem-sucedida do Mundial de Ralis, que este ano, entre outras, tem como grandes novidades o regresso à América do Sul e uma prova europeia que envolve 3 países.
O calendário do Campeonato do Mundo de Ralis da FIA de 2023 foi aprovado por votação eletrónica dos membros do Conselho Mundial de Automobilismo em 25 de novembro. Como avalia o a próxima temporada?
“É uma boa mistura de eventos clássicos e novos ao longo do ano, e retornar a territórios como México e América do Sul, o que é muito importante. O Rali da Europa Central é um grande conceito e é fantástico ter três federações a trabalhar juntas.”
O Japão fez um regresso bem-vindo ao WRC em novembro, mas foram sentidas algumas dificuldades no primeiro dia do evento. O que foi feito para resolver essas questões?
“Foi enviado um relatório para a Comissão de Estrada Fechada e agora estamos a trabalhar em estreita colaboração com os organizadores do evento e a Segurança do Rali para garantir que as lições de 2022 sejam verdadeiramente compreendidas. É importante mencionar que todos os envolvidos no evento empenharam-se muito e o segundo e terceiro dias do evento foram bons. Os organizadores são um grupo profissional capaz de fazer as mudanças necessárias para que o evento seja um sucesso.”
O Rali da Europa Central é um evento novo. O que espera que isso traga para o WRC?
“É um excelente conceito e um ótimo exemplo de três federações – Áustria, República Checa e Alemanha – a trabalhar juntas. Começar em Praga com etapas em três países vai dar oportunidade aos fãs que nunca puderam assistir a um evento do WRC”.
Tinha sido preparado um calendário WRC de 14 provas para 2023, mas apenas 13 ralis constavam do cronograma proposto submetido ao World Motor Sport Council ( WSMC - Conselho Mundial do Desporto Automóvel) para aprovação. O número de eventos aumentará no futuro?
“Esse é o plano. A estratégia de calendário aprovada pelo WMSC em 2019 mantém-se e é intenção aumentar o número de regiões que o WRC vai percorrer no futuro. Mas o crescimento só pode acontecer num momento em que seja possível na perspetiva dos organizadores do evento, das equipas concorrentes e do promotor.”
Olhando para o primeiro ano da nova era híbrida do WRC, o que destaca?
“O Rallye de Monte Carlo foi um evento impressionante com os três fabricantes a lançar três carros completamente novos. Foi um grande passo para o WRC, não apenas porque o chassis era fundamentalmente novo, mas porque integramos combustível não fósseis e também tecnologia híbrida plug-in, tudo isto de uma só vez. Então começamos com um dos dias mais longos e difíceis da temporada em condições complicadas, com este verdadeiro conto de fadas que foi a disputa entre dois dos grandes nomes do desporto automóvel, Sébastien Loeb e Sébastien Ogier. Foi realmente um evento inacreditável. Teria sido fácil dizer no final do Rallye de Monte Carlo que os pilotos mais velhos e mais experientes vão dominar para sempre, mas rapidamente se percebeu que existe uma nova geração de pilotos, liderada por Kalle Rovanperä, e que será muito emocionante observá-los nos próximos anos.”
O que mais lhe deu motivos para ficar satisfeito em 2022?
“Ter 129 pilotos inscritos no WRC2 foi incrível e não podemos esquecer que o título do WRC3 Junior chegou à fase final. Acho que a introdução do 4WD Rally3 na classe WRC3 Junior foi outro dos destaques, porque proporcionou uma oportunidade para os jovens pilotos conseguirem resultados incríveis (14º na Suécia e 17º na Croácia) e provar o seu valor na tração às quatro rodas. Carros pela metade do preço de um Rally2.”
As equipas tiveram um sucesso sem precedentes em 2022. Que mensagem isso transmite?
“É uma mensagem muito positiva. Sempre houve navegadores a competir no topo, mas agora estamos a comemorar vitórias absolutas e títulos de campeonato regularmente ao nível mundial, e é importante lembrar que são necessárias duas pessoas para vencer e alcançar o sucesso. Mas também vimos pilotos do sexo feminino a ter sucesso, sendo Maxine Wahome um bom exemplo, ao vencer o WRC3 no Safari Rally do Quénia, derrotando os pilotos do sexo masculino de forma justa. Todos esses resultados são um ótimo indicativo do nível das concorrentes femininas, e isso só tem tendência em aumentar.”
Mudando para o cross-country, quais são as perspetivas para o FIA World Rally-Raid Championship (W2RC) em 2023, a sua segunda temporada?
“O W2RC está em grande forma e o futuro parece muito brilhante com quatro fabricantes e mais de 40 carros, SSVs e camiões inscritos para o Rally Dakar. Trazer o campeonato para o México também abre as portas para um ambiente completamente diferente, e a popularidade desta disciplina na América do Sul e em particular na Argentina já era muito clara, quando o Dakar costumava visitar estas regiões, com um interesse fenomenal de fãs e concorrentes.”