Ainda a tentar regressar aos índices de vendas pré-pandemia, a indústria automóvel europeia enfrenta agora uma nova crise. Na sua base estão as marcas chinesas e a crescente procura em solo europeu pelos seus modelos elétricos.
Mais experiente na produção de elétricos, a indústria automóvel chinesa aproveitou a transição para a mobilidade verde “abraçada” pela União Europeia e tem vindo a impor-se num mercado outrora dominado pelos locais.
Com custos de produção mais baixos e grandes apoios por parte do governo chinês, as marcas daquele país não só estão a construir carros elétricos que custam 30% menos do que os europeus como estão perto da paridade de preço entre elétricos e modelos a combustão.
A resposta europeia
Ciente de que o governo chinês apoiava fabricantes como a BYD, a SAIC ou a Geely com subsídios generosos que, por conseguinte, lhes permitiam baixar o preço dos seus modelos, a União Europeia tomou medidas.
À semelhança dos Estados Unidos da América, a União Europeia decidiu aumentar as tarifas aplicadas aos veículos elétricos importados da China.
Inicialmente provisórias, estas entram agora em vigor de forma definitiva. Estas tarifas vão aplicar-se por um prazo de cinco anos e poderão ascender até aos 35%.
O objetivo é evitar a concorrência desleal face às subvenções da China aos seus fabricantes automóveis e surgem numa fase em que a Volkswagen é um exemplo da crise que o setor enfrenta.
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Apesar das “boas intenções” por trás destas tarifas, personalidades como o diretor executivo da Stellantis, Carlos Tavares, ou o diretor executivo da BMW, Oliver Zipse, opõem-se a estas medidas.
Segundo estes, as marcas europeias não devem temer a concorrência, e se houver real interesse em apoiá-las essa ajuda deverá passar pelo reforço da rede de carregamento de carros elétricos e maiores incentivos à compra deste tipo de automóveis.
Consumidores não devem sentir os efeitos
Muito provavelmente os construtores chineses conseguirão contornar estas tarifas através da construção de unidades fabris na Europa, evitando assim os seus efeitos.
Recorde-se que atualmente são já várias as marcas chinesas que planeiam abrir fábricas no “Velho Continente”.
Além disto, uma vez que o governo chinês recusa-se a admitir a existência dos apoios, os construtores deverão suportar os custos destas tarifas de importação.
Tudo isto são boas notícias para os consumidores europeus, que desta forma deverão poder continuar a adquirir os automóveis elétricos chineses pelos preços até agora praticados.